Deus me ajude.
"Pois se alguém não é capaz de ser um bom chefe da sua própria família como pode assumir responsabilidades na igreja de Deus?"
1 Timóteo 3:5
prjonataslopes@gmail.com
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Palestra - Santidade
Palestra dada na Conferência "Um Rei, um plano, um povo, Um Evangelho".
Ontem percebemos que vivemos
em dignidade perante o Rei porque recebemos a dignidade/inocência da pessoa do Senhor Jesus Cristo a qual chegou
até nós mediante a fé que nos foi dada, sendo que Cristo levou sobre Si a
Ira de Deus por causa da nossa pecaminosidade.
Há uma imputação da Ira de Deus em Cristo e uma imputação da
justiça de Cristo nas nossas vidas.
Esta declaração da inocência da parte de Deus para connosco, garante-nos a certeza que um dia estaremos com o
Senhor Deus e, sabendo da imutabilidade do nosso Deus,
percebemos que essa declaração nunca será mudada face a alguma acção nossa.
Mais à frente falaremos mais sobre isto!
No entanto, será que a nossa história cristã, em termos
terrenos, termina com a declaração da
nossa inocência dada por Deus? Será que ser salvo é revelado apenas numa
absolvição da nossa culpa? Será que isso não terá reflexos na forma como
vivemos a nossa vida?
Hoje falaremos sobre Santificação e a melhor forma de podermos
perceber a sua implicação para com o nosso dia-a-dia, passará por percebermos que Deus é Santo.
1º Deus é Santo
A palavra “Santo” significa separado, afastado de algo. Ao
dizermos que Deus é Santo estamos a referir que ele é separado de toda a
criação, porque Ele está além e acima de tudo o que foi criado. Isto
acontece por causa da Sua natureza majestosa.
Deus está para além dos homens, dos anjos e, principalmente,
do pecado. Quando falamos de separação, referimo-nos
sempre a nível moral.
Na verdade, a Sua Santidade
é tão sublime que ninguém pode ser santo como Ele é.
Em certo sentido, a Santidade
de Deus qualifica tudo o que Deus é. A noção da Sua majestade traz-nos a
percepção da nossa pequenez. Por isso, podemos ver várias vezes a
afirmação tripla – que é o grau maior – dessa Santidade. Isaías 6:3 “E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo,
Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”.
Apocalipse 4:8 “E os quatro
animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam
cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo,
Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há-de
vir”.
Vários atributos do nosso Deus são qualificados e
realçados por causa da Sua Santidade e por isso confiamos que eles são
administrados correctamente.
Dois exemplos: A justiça de Deus é Santa então
confiamos*. A Sua misericórdia é Santa e por isso descansamos*.
A palavra de Deus também nos diz que a Santidade
de Deus é a garantia da Sua Promessa e da Sua Fidelidade - Salmos 89:34-36 “Não
quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios. Uma vez
jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente durará para
sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim”.
2. Homem antes da
Queda
Devido à Santidade do nosso Deus, Ele criou o homem à Sua
imagem e semelhança - Génesis 1:27 “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou”. Ou seja, isto faz com que o Homem seja diferente de tudo
o que foi criado, como também revela que em termos morais o homem era bom e recto antes da queda.
Catecismo de Heidelberg
afirma “Deus criou o homem bom e à Sua
imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade para conhecer correctamente a
Deus, seu Criado, amá-lo de todo o coração e viver com Ele em eterna
felicidade, para louvá-lo e glorificá-lo”.
O relacionamento entre o homem e Deus era assim muito
peculiar. O homem era semelhante a Deus no sentido do raciocínio, intelecto,
vontade e sentimento.
Em termos morais, o homem era semelhante a Deus no
sentido que era bom e sem pecado. Significava isso que o homem podia olhar
para Deus sendo que podia escolher o bem e o mal. Tinha pleno arbítrio nas suas
escolhas.
3. A queda
No entanto, como sabemos, esta
natureza pura ficou corrompida em “Adão e Eva” e, como consequência disso,
toda a natureza humana ficou “contaminada” pelo pecado. Nessa medida, todo o
ser humano é concebido e nascido em pecado.
Através de um só homem veio a morte espiritual para todos
os homens - I
Cor. 15:21 “Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição
dos mortos veio por meio de um só homem”.
O Homem ao ser
criado como imagem e semelhança de Deus deveria reflectir a
imagem de Deus. Como percebemos no relato de Génesis foi algo que não
aconteceu pois o Homem perdeu-se nas
suas próprias subtilezas e astúcias - Eclesiastes 7:29 “Deus fez o homem recto mas ele perdeu-se nas
suas subtilezas”.
Não pode ser imputada a culpa a Deus porque Ele é Perfeito em tudo o que faz por
causa da Sua Santidade. Todas as Suas
acções são rectas - Deuteronómio 32:4 “Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos
são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e recto ele é”.
Na queda do homem percebemos que a santidade da criatura
é mutável, porque se fosse imutável, Adão
não teria pecado.
Nós não queremos e
nem desejamos ser iguais a Adão porque perante a tentação
teve oportunidade para mostrar a sua santidade e, no entanto, escolheu pecar.
Todo o pecado mostra uma profunda insatisfação com Deus,
porque o pecado tem como objectivo retirar a alegria e o prazer de viver com
Deus.
O pecado, por vezes, é associado apenas a coisas más e
chocantes. Aparenta ser belo e saboroso. O pecado cega-nos porque faz com
que nos apaixonemos por ele. De tal forma que, muitas vezes, somos
confrontados com a realidade do pecado e negamos de imediato porque o desejamos intimamente.
O Diabo sabe as coisas de que gostamos e seduz-nos com
coisas que dão sensação de pertença e de puro prazer, mas que na verdade não glorificam a Deus.
O pecado, seja ele qual for, cria expectativas que o
nosso prazer vai ser satisfeito, mas, na verdade, quem o comete (como eu),
percebe que todo o prazer que ele traz é momentâneo e os seus efeitos são
devastadores.
Recentemente falámos, na IEBGraça, da história de David
com Bate-Seba* e percebemos que quando
não há arrependimento, há estratégias pecaminosas que se fazem para esconder
aquilo que fizemos para que não se venha a saber do nosso pecado. A nossa imagem ficará intacta perante os homens
porém permanece impura para com Deus.
Na Bíblia não há outra forma
de lidar com o pecado a não ser através do arrependimento para que a nossa
comunhão com Cristo possa ser restaurada porque tal como diz Kevin DeYoung
“Quando pecamos, a nossa união com Cristo não corre risco. Mas a nossa comunhão
sim”.
Deus não tem prazer no pecado e nem no pecador não
arrependido. Não significa isso que lide com o ser humano com os nossos
sentimentos pecaminosos, mas sim com os sentimentos que advêm da Sua própria
Santidade. Daí falarmos, porque a Bíblia o afirma, da Ira de Deus sobre homens
perversos. Salmos
5:5 “Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a
maldade”.
Por isso… Cristo é a nossa Esperança.
4. Cristo é a nossa Esperança
Tal como já percebemos, a justificação é o meio pelo qual
Deus declara justos aqueles que, por meio da fé em Cristo, se arrependem dos
seus pecados. Assim, somos santos/separados para Deus em termos posicionais por
causa de Cristo.
Sermos santos não é algo que possamos fazer para conquistar
esse “estado” mas sim reconhecer que a Obra de
Cristo é Suficiente. Ao percebermos isso, seremos assim Santos-Separados
para Deus por causa do que Cristo fez.
Esta Obra de Cristo é poderosa e eficaz.
Não foi pelas nossas obras que fomos salvos, mas sim pela
Obra de Cristo. Não é pelas obras que
permanecemos salvos, mas sim pela obra eficaz de Cristo.
Se nós perdêssemos a salvação por algo que tivéssemos feito,
então é porque a nossa salvação dependeria do nosso desempenho e não do
desempenho de Cristo.
Afirmemos pois convictamente
que Cristo é a Esperança do Homem.
Tendo a certeza desta salvação que temos em Cristo,
precisamos saber que Deus criou-nos para
reflectirmos a Sua Imagem.
Por isso, o nosso desejo enquanto cristãos passa por sermos iguais a Cristo e não iguais a
Adão, pois quando Cristo estava
perante a tentação, escolheu dizer não porque sabia quem era e para onde ia.
Jesus é o resplendor da Glória de Deus e não Adão - Hebreus 1:3 “O Filho é
o resplendor da glória de Deus e a expressão exacta do seu ser, sustentando
todas as coisas por sua palavra poderosa”.
Jesus é o novo Adão
em termos de Vida - 1 Coríntios 15:21 “Visto que a morte veio por meio de um só
homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem”.
Logo, a nossa vida tem
que ser sempre acerca de Cristo. E é neste sentido que devemos
reflectir a Sua santidade no nosso dia-a-dia até porque é uma ordem divina - 1 Pedro 1:15-16 “Mas, assim
como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que
fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo".
Deus não salva o homem pela
Sua obediência, mas salva-o
para que ele O obedeça.
5. Nós e a Santificação
A Santificação que acontece nas nossas vidas é a forma pela
qual o Espírito Santo opera em nós, para que todo o nosso ser possa
resplandecer a imagem de Deus.
Quando medimos o amor de Deus pela Cruz, tal como cantamos
num hino, tudo aquilo que possamos fazer
é diminuto.
Nesse sentido, o pecado na vida do cristão deve ser
considerado a excepção e não a regra. Se tratamos o pecado por tu
(Intimidade), é porque já estamos a tratar o Espírito Santo por você há algum
tempo.
Tal como o Pr. Tiago Cavaco referiu ontem, o Espírito Santo
age em nós manifestando o Seu fruto, logo não agimos como base no nosso
temperamento mas com base naquilo que o Espírito faz em nós.
Não devemos dizer que
estamos livres de pecar mas também não devemos desistir de lutar. A luta
contra o pecado é o reflexo da Santificação a acontecer na nossa vida. Em certo
sentido, é ter muito mais a percepção das tentações que teremos que enfrentar,
do que perceber o quanto já crescemos.
Kevin DeYoung “Santificação,
portanto, será marcada por mais arrependimento do que perfeição”.
Devemos no entanto saber que não estamos sós neste processo
de santificação.
Qual é então a nossa parte no processo de Santificação? Cabe
somente tudo a Deus e a nós nada?
A Santificação é uma
obra de Deus. Vemos isso em 1 Tessalonicenses 5:23 “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito,
e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo”.
Qual a nossa parte? Vemos a resposta em Romanos 8:13 “Se viverem conforme tais inclinações, estão
a caminhar para a morte; mas se pelo Espírito fizerem morrer as acções
pecaminosas, então viverão”. Logo percebemos que Deus, através do Seu Santo
Espírito, e o Homem cooperam em conjunto.
Filipenses 2:12 “Trabalhem ou desenvolvam a vossa salvação com temor e tremor”. O
significado da palavra “desenvolver” passa
por trabalhar com afinco ao realizar ou completar algo. Há muitas
interpretações erradas deste texto. Não lemos, de forma alguma, que somos nós
que temos de adquirir a nossa salvação ou até, fazermos alguma coisa para
completarmos a salvação em Cristo. Esta é a ideia do Ascetismo combatida no
livro de Colossenses. Cristo cumpriu as exigências no nosso lugar!
O que significa então? Wayne Grudem, na sua teologia sistemática,
responde desta maneira: “Santificação é
uma obra progressiva da parte de Deus e do homem que nos torna cada vez mais
livres do pecado e semelhantes a Cristo em nossa vida presente”.
Não significa isto que este processo seja feito em graus de igualdade ou de importância mas que ambos têm a sua participação. Porque se
somos capazes de fazer alguma coisa, fazemos porque o Espírito nos capacita.
As nossas acções que visam a nossa santificação são sempre
capacitadas por Deus e, quando
isso acontece, sabemos que no Senhor
nada é em vão.
Deus coloca no nosso coração, o desejo e a vontade, de
sermos mais como Ele para então resplandecermos a Sua imagem como astros no
mundo.
Devemos fugir de tudo aquilo que nos leva a agir na carne e
não no Espírito. Pessoas, Locais, Conversas, Internet, etc…
Como responder ao Espírito e à Sua vontade deixada no nosso
coração? Como lutar pela Santificação?
Ler e Meditar na Sua Palavra* (Salmos 1:2); Orar* (Efésios
6:18); Adorar* (Ef. 5:18-20); Testemunhar* (Mat. 28:19-20); Viver em Comunhão*
(Heb.10:24-25) e autodisciplina* (Gál. 5:23).
A Santificação
é algo em que Deus e o Homem cooperam em conjunto. Contudo, a Igreja também é exortada a estimular os seus
membros a viverem vidas santas conforme lemos em Hebreus 3:13: “Antes,
exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje,
para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado”.
Por vezes o que se passa em muitas comunidades, é que se
exige mais Santidade aos novos convertidos do que àqueles que têm anos e anos
de Igreja.
6. Algumas considerações…
Santidade
reflectida no nosso ser
Se o nosso conhecimento da Palavra mesmo podendo ter todos
os conceitos certos não redundar em santificação, para nada vale.
Posso saber a teologia sistemática toda mas se isso não
fizer com que eu seja um bom cristão sendo um bom marido, pai, filho, vizinho,
etc. para nada serve.
A Bíblia é muito clara no propósito da eleição salvífica
- Efésios
1:4 “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que
fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”.
É impossível perante a Bíblia dizer que fomos salvos e
vivermos como queremos!
Cristo não preenche buracos na nossa vida. Ele tem de ser a
nossa vida! Mostramos pelas nossas acções que realmente pertencemos a Ele.
Deus não nos perdoa pelo máximo de tempo que conseguimos
estar sem pecar mas sim quando mostramos e vivemos arrependimento genuíno!
Santidade
reflectida na família – Ideia do Voddie Baucham
A forma como tem investido no seu lar mostra mais
preocupação com a produtividade dos vossos filhos na Sociedade - que é algo
importante - ou com a santidade deles?
Na verdade, por vezes projectamos para a Igreja aquilo que
nos foi confiado. O trabalho da Igreja com os nossos filhos deve ser apenas
um complemento àquilo que é dado no lar.
Enquanto cristãos, temos de investir espiritualmente nos
nossos filhos antes que o mundo exerça a sua influência sobre as suas vidas.
Santidade
reflectida no nosso relacionamento com o próximo
Como lidamos com o erro dos nossos irmãos? Teremos ajudado o
nosso irmão a crescer em Santidade ou apenas usamos os seus erros para
comentarmos ou mostrarmos que somos melhores do que eles? Devemos ter em
atenção a Parábola do Fariseu e do publicano.
A nossa santificação não serve para exibirmos que somos
melhores do que os outros mas sim para mostrarmos aquilo que Deus pode fazer na
vida de cada um.
Quem usa o seu currículo é porque ainda não entendeu a
Maravilhosa Graça do nosso Deus.
A Justificação pela Fé gera obrigatoriamente a Santificação
a qual é reflectida no nosso relacionamento com Cristo e com os nossos irmãos.
O que acontece é que muitas das vezes as pessoas depois de
terem pecado e mostrado arrependimento, não querem voltar às Igrejas com a
vergonha de serem chamadas pelo pecado cometido, em vez de serem chamadas de
“santas”.
Que Deus nos ajude.
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