Estamos de Bíblia
aberta na 1ª carta de Pedro.
7 Domingos para estudar o 1º capítulo.
Fazemos isso porque temos o compromisso de pregar
todo o conselho de Deus não fugindo às passagens mais difíceis.
Até agora percebemos aquilo que Deus
fez por nós: escolheu-nos, salvou-nos e guardou-nos.
Vimos depois 3
mandamentos:
1º “alegrai-vos na Esperança”;
2º “sejam santos porque Deus é Santo”;
3º “Temam a Deus”;
Hoje vamos olhar para o 4º
mandamento: “Amai-vos ardentemente”.
1 Pedro 1:22-25
Antes de lermos a passagem, convém lembrar que a Bíblia não
diz que temos de conquistar o amor
dos nossos irmãos em Cristo. A Bíblia dá por garantido o amor entre os cristãos.
Temos nós amado as
pessoas que estão ao nosso lado?
O que significa amar
biblicamente?
22Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à
verdade, tendo em vista (o resultado é) o amor fraternal não fingido, amai-vos, de
coração, uns aos outros ardentemente,
Conforme temos visto, esta carta foi escrita para os
cristãos que estavam a sofrer perseguição.
Crê-se que na sua maioria fossem judeus.
A linguagem que Pedrou usou denota isso mesmo.
Reparemos: “tendo purificado a vossa alma”
A purificação era
muito comum no judaísmo.
A purificação era um rito que simbolizava
libertação da culpa de algo que tinham feito. Era sinal
também de pureza moral.
Olhando para o versículo, como é que podemos obter essa pureza na nossa vida? Pela obediência à
Palavra de Deus.
Logo, a obediência a
Deus e à Sua Palavra é algo exigido aos cristãos.
Só há pureza na nossa
vida, se houver obediência.
Por outro lado, a desobediência a Deus é pecado.
E o pecado destrói a nossa
vida e mina o nosso relacionamento com Deus e com as pessoas ao nosso
lado.
Não devemos
desprezar o pecado porque ao pecarmos estamos a dizer a Deus “a
minha vida sem ti faz mais sentido. Prefiro adorar outras coisas que não a ti”.
É também por isto que o
pecado é uma ofensa grave contra Deus.
Na verdade, só desvaloriza
o pecado quem não tem noção da santidade de Deus.
Temos nós buscado
pureza na nossa vida através da obediência à Palavra de Deus?
É simples perceber a resposta a esta pergunta porque quando há obediência a Deus, diz o
versículo, há também “amor fraternal não fingido” e “amor uns aos outros
ardentemente”.
Pedro usou 2 tipos de
amor neste versículo:
1º O amor fraternal (filadélfia) –> É a 1ª
palavra para amor
A palavra indica amor
fraterno entre pessoas do mesmo grupo.
Ao longo do NT, este grupo de pessoas é chamado de Igreja.
Nesse sentido, o que Pedro está a dizer é que se a nossa alma foi limpa pela Palavra de
Deus, nós iremos amar-nos uns aos
outros profundamente sem qualquer tipo de fingimento/hipocrisia.
2º O amor ágape/sacrificial –> É a segunda
palavra para amor.
Esta é a palavra usada para o amor que Deus tem por nós:
- João 3:16 ->
Deus amou-nos sacrificialmente ao dar
o Seu filho;
- Romanos 5:8 ->
Deus mostra o Seu amor através da morte
do Seu filho;
Pedro, ao usar esta palavra, está a mostrar que os cristãos devem-se amar, não de uma
forma qualquer, mas devem-se amar
sacrificialmente tal como Deus os amou.
O amor sacrificial não procura destruir o outro.
Procura, sim, a sua restauração.
O amor sacrificial também não procura retribuição e nem
protagonismo. Procura, sim, a glória de
Cristo na vida do outro!
Pedro foi ainda mais longe ao dizer “amai-vos ardentemente” ou “intensamente”.
Qual será o grau deste amor sacrificial?
Até onde vai a palavra “ardentemente” ou intensamente?
Lucas 22:44 “E, Jesus,
estando em agonia, orava mais INTENSAMENTE”.
Qual o grau da intensidade na oração de Jesus quando
estava em agonia? Era muito, muito
grande até porque Ele orou e orou sem cessar!
O que nos mostra que o amor que devemos ter uns pelos outros
deve ser extremamente intenso tal
como Cristo teve para connosco.
Quem ama como Cristo, não mede o rácio do custo/benefício
do seu amor para com o outro.
Simplesmente ama intensamente!
Olhando para o V22, este amor só será assim se vier de um coração transformado pela Palavra de
Deus.
Como é que esta transformação se dá na nossa vida?
V23 dá-nos a resposta
23pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de
incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
A palavra “regenerar” significa “novo nascimento”: isto é,
alguém que nasceu para uma nova vida com Deus.
Agora, qual o meio que Deus, através do Seu Espírito, dá o
novo nascimento?
Diz o texto: “mediante a Palavra de Deus”.
Tiago 1:18 diz-nos o mesmo: “Pela Sua própria decisão, Deus trouxe-nos à salvação POR
MEIO DA SUA PALAVRA, para sermos os primeiros frutos do seu mundo novo”.
Vejamos mais um exemplo:
Romanos 10:13,14 “(necessidade) Porque todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo. (meio)
Como, pois, invocarão
aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e (forma) como ouvirão, se não há quem pregue?”
É fundamental entendermos uma coisa: não há salvação/não há
transformação sem a pregação da Palavra de Deus.
Deus determinou que houvesse salvação através da Sua
Palavra.
Não há outro meio!
Reparemos na parte final do V25: “esta é a palavra que vos foi evangelizada”
ou traduzindo à letra seria algo como: “essa palavra – v24 que
é viva, é eterna e não morre - é o evangelho que vos foi pregado”.
Aquele povo, mesmo sendo judeu, teve de ser o quê?
EVANGELIZADO.
O que nos mostra, de forma absolutamente clara, a responsabilidade que temos de proclamar a
Palavra a toda a criatura pois sem proclamação não há salvação.
Quando perguntarem o
que será daquele índio (é sempre isto que dizem), que nunca ouviu a
mensagem do Evangelho, só poderemos responder, em amor e lamento,
que será condenado ao Inferno.
Sendo assim, a verdade
central nestes versículos que vimos hoje é:
“Amai-vos ardentemente tal como Deus vos amou ao salvar-vos,
através da pregação da Palavra, quando nada mereciam”.
Podemos tirar algumas aplicações para a nossa vida:
1- Amar é a
evidência de termos sido amados por Deus
O apóstolo Pedro disse que se fomos purificados pela Palavra, então temos de mostrar amor
pelos nossos irmãos.
E não é com um amor qualquer. É com amor sacrificial.
Ou seja, se fomos amados
por Deus quando nada merecíamos*/éramos Seus inimigos,
então também devemos amar quem não merece.
Isto é um sério aviso porque a nossa tendência carnal é desprezar quem nos fez mal ou deixar de falar com quem mexeu com a
nossa reputação, dignidade ou vontade.
Naquilo que depender de nós, a Bíblia só permite que
deixemos de falar numa ocasião.
Deixemos a Palavra falar mais uma vez:
I Coríntios 5:9-11
“Disse-vos
numa carta para não conviverem com gente que pratica imoralidades sexuais.
Não me queria referir a todos os que, no mundo, são imorais, gananciosos,
ladrões ou adoradores de falsos deuses. Se assim fosse, teriam que fugir
deste mundo. Queria dizer que NÃO TIVESSEM CONTACTO COM AQUELES QUE SE
DIZEM CRENTES E SÃO imorais, gananciosos, adoradores de falsos deuses,
caluniadores, bêbedos ou ladrões. Com esses, nem sequer se devem sentar à mesa”.
Devemos deixar de conviver/saudar com aquelas pessoas que,
dizendo-se crentes, dão mau testemunho
do Evangelho através de várias imoralidades sem qualquer tipo de arrependimento!
Logo, eu não devo agir
de forma de forma diferente com os outros daquela que Deus agiu e age
comigo.
Pensemos: se Deus
agisse com frieza e desprezo connosco, o que seria de nós?
Alguns poderão estar a pensar: “Eu não sou Deus para perdoar
dessa forma”.
De facto, não somos. Mas somos pecadores perdoados e os pecadores
perdoados perdoam*!
Se tens problemas
em perdoar, é porque ainda não pensaste seriamente no quanto
foste perdoado por Deus.
Não perdoar ou
desprezar outra pessoa é um acto de extrema arrogância e de ignorância espiritual perante o que Deus fez connosco.
A beleza do
Evangelho não está apenas no acto de receber. Está
também no acto de dar amor a quem nada merece.
Queremos ser uma Igreja que permite que as pessoas discordem umas
das outras em amor porque é
precisamente na forma como discordamos que percebemos se concordamos no
essencial!
Queremos cultivar e
celebrar o perdão na Igreja da
Graça: o perdão de Deus para connosco; e o perdão entre as pessoas.
Isto é fundamental
para a saúde espiritual da Igreja.
Só assim vivemos para a glória de Deus.
Há pelo menos 2 coisas que
nunca devem acontecer numa Igreja:
Se houver a punição, as pessoas ficarão em silêncio e dirão:
“se eu soubesse que iam agir assim comigo, preferia estar calado e seguir o meu
caminho sozinho”.
2º Farisaísmo
Mudar de postura*/oração da parábola do fariseu ->
perante quem pecou em vez de procurar orar pela restauração da vida
da pessoa*.
Lembra-te:
A tua segurança não deve estar
no quanto as pessoas gostam de ti, mas na realidade
que Jesus te ama.
E se Jesus te ama, então deves amar as outras pessoas
tal como foste amado por Jesus!
Desejo ardentemente e oro para que, se alguém vier à Graça,
possa dizer:
“Falam com amor sobre o pecado, a graça,
o arrependimento e a restauração. Por isso, não tive medo de confessar os meus pecados e pedir ajuda até porque tenho a noção que nunca chegarei nesta
terra onde quereria chegar. Esta Igreja é muito importante para
quem caiu, como eu, na miséria espiritual”.
Será que ainda não
perdoámos a quem devíamos perdoar?
Se houver, olhemos para a Cruz.
Será que ainda não
pedimos perdão a alguma pessoa que devíamos ter feito?
Se houver, olhemos para a Cruz.
Nota final sobre
este 1º ponto de aplicação:
Contra mim falo, mas creio que, e perdoem-me a
generalização, estamos a ensinar de forma errada aos nossos filhos na
maneira como devem amar as outras crianças.
Reparem: as
crianças no fim do culto ficam centradas na tecnologia. Mal falam uns com os
outros. Ou se falarem, é só sobre o jogo, para ver as mensagens
de WhatsApp ou para se chatearem porque não estão a partilhar algo.
Entristece-me ver isso pois estamos a fomentar algo
perigoso!
Porquê? Porque a tecnologia
promove o isolamento e as crianças – tal como os adultos – perdem a
capacidade e a noção do valor de falar olhos nos olhos.
A tecnologia, sem
limites, será um escape à realidade da vida.
Não é isso que acontece com os mais velhos quando passam o
seu tempo na tecnologia e não falam com os cônjuges? Comigo acontece!
2º Quem ama, serve.
Amor sacrifical
envolve serviço para com o próximo: serviço também na Igreja (todos).
É uma evidência de
amor quando estamos dispostos a
servir na Igreja mesmo havendo coisas com as quais não concordamos. Eu
sou o primeiro a não concordar com algumas coisas!
A mentalidade de
espectador - aqueles que mandam palpites ou opiniões, para
quem está a trabalhar no terreno - destrói
Igrejas.
É muito fácil fazer críticas e não fazer nada para mudar.
Nós somos chamados
a servir a Igreja até porque, quando não fazemos nada, estamos a deixar o serviço todo para algumas
pessoas e provocamos desgaste a todos os níveis. Isto não é uma
atitude de amor.
Jen Wilkin* “um coração que ama a obra de Deus não deseja
que os outros fiquem a trabalhar enquanto ele fica a descansar”.
Além disso, como cristãos, somos chamados a fazer coisas que
não gostamos por amor!
Noutra perspectiva, servir a Igreja envolve servir também
com as nossas contribuições: ofertas e dízimos.
Um membro de Igreja
que não contribui com os seus dízimos não estar a ser amoroso com os
seus irmãos até porque para ser membro
desta Igreja assumiu esse compromisso.
Falha duas vezes: ao não dar o dízimo e no compromisso
que fez com a Igreja.
Não é justo, não é um acto de amor, se
isso acontecer.
Pensemos: se todos dessem na proporção da nossa contribuição, seria
possível ter, por exemplo: pastor*, água, luz, gás, seguros, alarme,
contribuições missionárias, instrumentos, etc.?
Se a nossa carteira não está disponível para dar o
dízimo, então não estamos a amar sacrificialmente a Deus e aos nossos irmãos!
3º Amar alguém é entregar-lhe a beleza do Evangelho
Pedro disse que aquelas pessoas tinham sido salvas por meio da proclamação da Palavra de Deus.
Para que isso acontecesse, alguém teve de proclamar.
Este tem sido e continua a ser o meu compromisso convosco: pregar todo o conselho de Deus mesmo
que me possa ser difícil*.
Não há amor maior do
que fazer de tudo para ajudar o outro
a ver a beleza que há em Cristo.
A quem temos amado através da proclamação do Evangelho?
Eu oro e desejo ardentemente ver este salão e outros salões*
cheios de pessoas convertidas!
Que a nossa boca esteja pronta para falar da Esperança que
há em Cristo.
E o nosso desejo para cada pessoa possa ser o mesmo de Isaías
12:1-2 “Eu te dou graças, Senhor, porque estavas irado contra
mim, mas a tua ira acabou e tu confortaste-me. Este é o Deus que me salvou:
sinto-me confiante e sem medo, porque a minha força e coragem é o Senhor. Ele
foi a minha salvação”.
Que o nosso bom Deus nos ajude.
Amém