Raquel
Ao fim de um ano e meio de casados desejámos muito ter um
filho. Andámos cerca de 1 ano a tentar engravidar. No entanto, ao Senhor Deus
não lhe pareceu bem que isso acontecesse. Cheguei, inclusive, a falar com um
médico para perceber se tínhamos alguma dificuldade em engravidar, não que isso
fosse um problema em si, mas para perceber se humanamente falando podíamos fazer
alguma coisa.
Foi precisamente nessa altura de espera pela consulta que tivemos
esta grande notícia. A Filipa estava grávida.
Depois do nascimento da nossa filha, ficámos a saber que ela
tinha uma luxação na anca. Durante 3 meses teve que andar com um suporte nas
pernas. Não podia vestir sequer umas calças. Pela graça de Deus ela nasceu no
Verão.
Nesta altura, parecia que o mundo ia desabar com aquilo que
tinha acontecido. Muitas perguntas e nenhumas respostas. Confiar e seguir em
frente foi o que fizemos.
Quando a Raquel tinha 3 anos, passámos por um dos momentos
mais difíceis na nossa vida. Digo, o mais difícil. Foi-lhe diagnosticado uma
pericardite e esteve mesmo próximo o momento de perdermos a Raquel. Acreditamos
que Deus fez um milagre na vida dela, mas, acima de tudo, fez um milagre na
minha vida. Ajudou-me a perceber que Deus sabe o que faz e que Ele é bom. Quer
fosse a vida ou a morte, Deus é sempre bom. Foi um momento importante para
recuperar sentimentos que antes nunca tive.
A pergunta nos momentos difíceis era sempre a mesma “Senhor
Deus tivemos tanta dificuldade em engravidar e isto agora está a acontecer?
Como é possível? Esta menina é o encanto de qualquer pai”.
Tudo passou… Muitas mudanças houve e a nossa filha teve
sempre um comportamento exemplar e de uma fidelidade a Deus tremenda.
Neste mês de Setembro, a Raquel foi para a escola primária.
O sonho dela de aprender a ler está cada vez mais próximo de se concretizar. "Eu quero aprender a ler para poder ler a Bíblia na Igreja e também para contar histórias aos meus manos" - diz a Raquel sempre muito convicta.
A primeira semana foi muito dura para ela e para nós
enquanto pais. A professora e as auxiliares estavam e estão todas contentes com
o comportamento da nossa filha. “Tomara eu que todas os alunos fossem como a
Raquel” – disse a professora aquando a minha pergunta de como andava a minha
filha.
Viemos a perceber, no segundo dia de aulas, que a Raquel
estava triste. Ninguém brincava com ela no intervalo e, face a isso, dizia que
nesses momentos olhava para o espelho e cantava músicas para si. Não sabia os
nomes de ninguém e os colegas “faziam brincadeiras que eu não gosto como dos
empurrões” – disse ela com um olhar muito triste.
Cada vez que ia deixar a minha filha, quer de manhã como na
hora do almoço, reparava no olhar triste. Eu e a mãe ficávamos de coração
partido.
Ontem ela veio toda feliz para casa. Pensava eu que era por
ir ver o irmão que tinha nascido há pouco tempo. “Não papá. Eu estou feliz
porque já sei o nome de 3 colegas meus e brinquei com eles aos balões. Até
gritei no intervalo papá” – disse-me a Raquel com ar feliz.
Fiquei emocionado por ver como Deus está a fazer as coisas. Acredito
que este caminho não será sempre a subir.
A vida é dura. Uma caminhada bem difícil. No entanto, como
diz Corrie Tem Boom “Se Deus manda por caminhos tortuosos, é porque já nos deu
os sapatos necessários para essa caminhada”.
Deus é bom e para sempre bom ainda que a vida possa trazer
momentos bem duros. Várias razões podia invocar. No entanto, chego sempre a
esta conclusão… Acontecerem coisas “más” é algo natural num mundo decaído. Então,
tenho que pensar na razão pela qual acontecem coisas boas. Perceber esta
diferença é um alívio e traz paz à nossa alma.
Qual a lição que aprendemos do Evangelho?
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