Pregar sobre Jesus no Antigo Testamento é algo que nos deve
entusiasmar mas ao mesmo tempo pode tornar-se assustador para alguns.
Vivemos numa época chamada de “Deísmo terapêutico moralista”
onde as pessoas pensam que apesar de Deus existir, Ele quer apenas que nos portemos
bem e que nos sintamos confortáveis neste mundo. Não se pode exigir mais do que
isso.
É por este tipo de abordagens que muitas vezes se prega o
moralismo bíblico, mas não o Evangelho bíblico. O resultado deste tipo de “método”
é percebermos que as pessoas não estão firmadas no Evangelho mas em aspectos
práticos que as possam ajudar a ser bem-sucedidas neste mundo.
Em João 5:31-47 encontramos Jesus a afirmar que as
Escrituras, ou seja, todo o Antigo Testamento apontam à Si. Como prova disso,
apresentou quatro testemunhas da veracidade das Suas palavras. João Baptista,
as obras de Jesus, o Pai e as Escrituras.
Sendo assim, temos que analisar as Escrituras, como um todo,
pois as mesmas dão testemunho de Jesus. O que acontece muitas vezes, é que olhamos
para o Antigo Testamento apenas “para encontrar antecedentes históricos (…) e
buscar referências que façam previsões sobre Ele”.
Não podemos ter medo do Antigo Testamento e nem fazermos mau
uso dele.
Mohler refere alguns maus
usos dos quais destaco alguns:
1º Os cristãos “dão
a entender que o Antigo Testamento é um livro que pertence a outros, que é um território
estrangeiro para a Igreja”.
2º Há dois tipos
de divindade entre o Antigo e o Novo e a tendência é rejeitar o Antigo por ser
constrangedor sendo até uma tendência marcionista – rejeitar por completo o Antigo
Testamento.
3º Achar que não
há continuidade entre Antigo e o Novo, esquecendo-se porém que existe uma “continuidade
pela qual o Antigo e a Lei cumprem-se plenamente na pessoa e obra de Cristo.
4º Vivemos numa
época de puro moralismo e, face a isso, os pregadores olham para o Antigo Testamento
para retirarem apenas lições morais para ensinarem as pessoas a viverem o seu dia-a-dia. Inclusive,
segundo Mohler, até as “histórias bíblicas das crianças estão cheias de visões
moralistas”. Por causa disso, vemos gerações habituadas ao “Deísmo terapêutico
moralista” e aquilo que as vai alimentando passa apenas por “actualizar e
acrescentar novos tópicos à moralização dos adolescentes”. Raramente vemos
histórias bíblicas a apontarem a Cristo.
A grande questão
levanta-se “Como as Escrituras dão testemunho de Cristo?”
Mohler ajuda-nos a responder
a essa perguntar:
1º Precisamos de compreender,
à luz de João 5:39 - serve de texto base - que cada parte, cada aspecto das
Escrituras revelam Cristo. Todas as coisas “prefiguram Cristo (…) e levam-nos a
ansiar por Ele”.
2º O Antigo
Testamento não é sobre moralismo pois, conforme diz Mohler, “O moralismo não
representa o objectivo redentor do texto. Não é assim que ele dá testemunho de
Cristo. Há lições morais contidas ali e estaríamos errados se as
desconsiderássemos. (…) Mas erramos ao pensar que o moralismo é o ponto central
do uso do Antigo Testamento pelo Novo”. Se formos apenas por esta via, estamos
a instruir mal a congregação pois estamos a dizer apenas “aquilo que elas
gostam de ouvir: que podem agradar a Deus pelo aperfeiçoamento moral”. No
entanto, saibamos que o moralismo não salva ninguém.
3º Como
pregadores, segundo Mohler, temos de “pregar Cristo a partir de toda a
Escritura e encontrar Cristo não somente no Evangelho do Novo Testamento, mas
também no do Antigo. Precisamos deixar que o Novo Testamento ensine-nos a ler o
Antigo. Precisamos devolver a Bíblia aos crentes, inteira, intacta, tendo o
centro Cristo e o Evangelho da nossa redenção”.
Sem comentários:
Enviar um comentário