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domingo, 30 de setembro de 2018

Amai-vos ardentemente


Estamos de Bíblia aberta na 1ª carta de Pedro.
7 Domingos para estudar o 1º capítulo.
Fazemos isso porque temos o compromisso de pregar todo o conselho de Deus não fugindo às passagens mais difíceis.
Até agora percebemos aquilo que Deus fez por nós: escolheu-nos, salvou-nos e guardou-nos.
Vimos depois 3 mandamentos:
“alegrai-vos na Esperança”;
“sejam santos porque Deus é Santo”;
“Temam a Deus”;
Hoje vamos olhar para o 4º mandamento: “Amai-vos ardentemente”.
1 Pedro 1:22-25
Antes de lermos a passagem, convém lembrar que a Bíblia não diz que temos de conquistar o amor dos nossos irmãos em Cristo. A Bíblia dá por garantido o amor entre os cristãos.
Temos nós amado as pessoas que estão ao nosso lado?
O que significa amar biblicamente?
22Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista (o resultado é) o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente,
Conforme temos visto, esta carta foi escrita para os cristãos que estavam a sofrer perseguição.
Crê-se que na sua maioria fossem judeus.
A linguagem que Pedrou usou denota isso mesmo.
Reparemos: “tendo purificado a vossa alma
A purificação era muito comum no judaísmo.
A purificação era um rito que simbolizava libertação da culpa de algo que tinham feito. Era sinal também de pureza moral.
Olhando para o versículo, como é que podemos obter essa pureza na nossa vida? Pela obediência à Palavra de Deus.
Logo, a obediência a Deus e à Sua Palavra é algo exigido aos cristãos.
Só há pureza na nossa vida, se houver obediência.
Por outro lado, a desobediência a Deus é pecado.
E o pecado destrói a nossa vida e mina o nosso relacionamento com Deus e com as pessoas ao nosso lado.
Não devemos desprezar o pecado porque ao pecarmos estamos a dizer a Deus “a minha vida sem ti faz mais sentido. Prefiro adorar outras coisas que não a ti”.
É também por isto que o pecado é uma ofensa grave contra Deus.
Na verdade, só desvaloriza o pecado quem não tem noção da santidade de Deus.
Temos nós buscado pureza na nossa vida através da obediência à Palavra de Deus?
É simples perceber a resposta a esta pergunta porque quando há obediência a Deus, diz o versículo, há também “amor fraternal não fingido” e “amor uns aos outros ardentemente”.
Pedro usou 2 tipos de amor neste versículo:
1º O amor fraternal (filadélfia) –> É a 1ª palavra para amor
A palavra indica amor fraterno entre pessoas do mesmo grupo.
Ao longo do NT, este grupo de pessoas é chamado de Igreja.
Nesse sentido, o que Pedro está a dizer é que se a nossa alma foi limpa pela Palavra de Deus, nós iremos amar-nos uns aos outros profundamente sem qualquer tipo de fingimento/hipocrisia.
2º O amor ágape/sacrificial –> É a segunda palavra para amor.
Esta é a palavra usada para o amor que Deus tem por nós:
- João 3:16 -> Deus amou-nos sacrificialmente ao dar o Seu filho;
- Romanos 5:8 -> Deus mostra o Seu amor através da morte do Seu filho;
Pedro, ao usar esta palavra, está a mostrar que os cristãos devem-se amar, não de uma forma qualquer, mas devem-se amar sacrificialmente tal como Deus os amou.
O amor sacrificial não procura destruir o outro. Procura, sim, a sua restauração.
O amor sacrificial também não procura retribuição e nem protagonismo. Procura, sim, a glória de Cristo na vida do outro!
Pedro foi ainda mais longe ao dizer “amai-vos ardentemente” ou “intensamente”.
Qual será o grau deste amor sacrificial?
Até onde vai a palavra “ardentemente” ou intensamente?
Lucas 22:44 “E, Jesus, estando em agonia, orava mais INTENSAMENTE”.
Qual o grau da intensidade na oração de Jesus quando estava em agonia? Era muito, muito grande até porque Ele orou e orou sem cessar!
O que nos mostra que o amor que devemos ter uns pelos outros deve ser extremamente intenso tal como Cristo teve para connosco.
Quem ama como Cristo, não mede o rácio do custo/benefício do seu amor para com o outro.
Simplesmente ama intensamente!
Olhando para o V22, este amor só será assim se vier de um coração transformado pela Palavra de Deus.
Como é que esta transformação se dá na nossa vida?
V23 dá-nos a resposta
23pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
A palavra “regenerar” significa “novo nascimento”: isto é, alguém que nasceu para uma nova vida com Deus.
Agora, qual o meio que Deus, através do Seu Espírito, dá o novo nascimento?
Diz o texto: “mediante a Palavra de Deus”.
Tiago 1:18 diz-nos o mesmo: Pela Sua própria decisão, Deus trouxe-nos à salvação POR MEIO DA SUA PALAVRA, para sermos os primeiros frutos do seu mundo novo”.
Vejamos mais um exemplo:
Romanos 10:13,14 “(necessidade) Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. (meio) Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e (forma) como ouvirão, se não há quem pregue?
É fundamental entendermos uma coisa: não há salvação/não há transformação sem a pregação da Palavra de Deus.
Deus determinou que houvesse salvação através da Sua Palavra.
Não há outro meio!
Reparemos na parte final do V25: “esta é a palavra que vos foi evangelizada” ou traduzindo à letra seria algo como: “essa palavrav24 que é viva, é eterna e não morre - é o evangelho que vos foi pregado”.
Aquele povo, mesmo sendo judeu, teve de ser o quê?
EVANGELIZADO.
O que nos mostra, de forma absolutamente clara, a responsabilidade que temos de proclamar a Palavra a toda a criatura pois sem proclamação não há salvação.
Quando perguntarem o que será daquele índio (é sempre isto que dizem), que nunca ouviu a mensagem do Evangelho, só poderemos responder, em amor e lamento, que será condenado ao Inferno.
Sendo assim, a verdade central nestes versículos que vimos hoje é:
“Amai-vos ardentemente tal como Deus vos amou ao salvar-vos, através da pregação da Palavra, quando nada mereciam”.
Podemos tirar algumas aplicações para a nossa vida:
1-      Amar é a evidência de termos sido amados por Deus
O apóstolo Pedro disse que se fomos purificados pela Palavra, então temos de mostrar amor pelos nossos irmãos.
E não é com um amor qualquer. É com amor sacrificial.
Ou seja, se fomos amados por Deus quando nada merecíamos*/éramos Seus inimigos, então também devemos amar quem não merece.
Isto é um sério aviso porque a nossa tendência carnal é desprezar quem nos fez mal ou deixar de falar com quem mexeu com a nossa reputação, dignidade ou vontade.
Naquilo que depender de nós, a Bíblia só permite que deixemos de falar numa ocasião.
Deixemos a Palavra falar mais uma vez:
I Coríntios 5:9-11 Disse-vos numa carta para não conviverem com gente que pratica imoralidades sexuais. Não me queria referir a todos os que, no mundo, são imorais, gananciosos, ladrões ou adoradores de falsos deuses. Se assim fosse, teriam que fugir deste mundo. Queria dizer que NÃO TIVESSEM CONTACTO COM AQUELES QUE SE DIZEM CRENTES E SÃO imorais, gananciosos, adoradores de falsos deuses, caluniadores, bêbedos ou ladrões. Com esses, nem sequer se devem sentar à mesa”.
Devemos deixar de conviver/saudar com aquelas pessoas que, dizendo-se crentes, dão mau testemunho do Evangelho através de várias imoralidades sem qualquer tipo de arrependimento!
Logo, eu não devo agir de forma de forma diferente com os outros daquela que Deus agiu e age comigo.
Pensemos: se Deus agisse com frieza e desprezo connosco, o que seria de nós?
Alguns poderão estar a pensar: “Eu não sou Deus para perdoar dessa forma”.
De facto, não somos. Mas somos pecadores perdoados e os pecadores perdoados perdoam*!
Se tens problemas em perdoar, é porque ainda não pensaste seriamente no quanto foste perdoado por Deus.
Não perdoar ou desprezar outra pessoa é um acto de extrema arrogância e de ignorância espiritual perante o que Deus fez connosco.
A beleza do Evangelho não está apenas no acto de receber. Está também no acto de dar amor a quem nada merece.
Queremos ser uma Igreja que permite que as pessoas discordem umas das outras em amor porque é precisamente na forma como discordamos que percebemos se concordamos no essencial!
Queremos cultivar e celebrar o perdão na Igreja da Graça: o perdão de Deus para connosco; e o perdão entre as pessoas.
Isto é fundamental para a saúde espiritual da Igreja.
Só assim vivemos para a glória de Deus.
Há pelo menos 2 coisas que nunca devem acontecer numa Igreja:
 1º Punição em vez de restauração
Se houver a punição, as pessoas ficarão em silêncio e dirão: “se eu soubesse que iam agir assim comigo, preferia estar calado e seguir o meu caminho sozinho”.
2º Farisaísmo
Mudar de postura*/oração da parábola do fariseu -> perante quem pecou em vez de procurar orar pela restauração da vida da pessoa*.
Lembra-te:
A tua segurança não deve estar no quanto as pessoas gostam de ti, mas na realidade que Jesus te ama.
E se Jesus te ama, então deves amar as outras pessoas tal como foste amado por Jesus!
Desejo ardentemente e oro para que, se alguém vier à Graça, possa dizer:
Falam com amor sobre o pecado, a graça, o arrependimento e a restauração. Por isso, não tive medo de confessar os meus pecados e pedir ajuda até porque tenho a noção que nunca chegarei nesta terra onde quereria chegar. Esta Igreja é muito importante para quem caiu, como eu, na miséria espiritual”.
Será que ainda não perdoámos a quem devíamos perdoar?
Se houver, olhemos para a Cruz.
Será que ainda não pedimos perdão a alguma pessoa que devíamos ter feito?
Se houver, olhemos para a Cruz.
Nota final sobre este 1º ponto de aplicação:
Contra mim falo, mas creio que, e perdoem-me a generalização, estamos a ensinar de forma errada aos nossos filhos na maneira como devem amar as outras crianças.
Reparem: as crianças no fim do culto ficam centradas na tecnologia. Mal falam uns com os outros. Ou se falarem, é só sobre o jogo, para ver as mensagens de WhatsApp ou para se chatearem porque não estão a partilhar algo.
Entristece-me ver isso pois estamos a fomentar algo perigoso!
Porquê? Porque a tecnologia promove o isolamento e as crianças – tal como os adultos – perdem a capacidade e a noção do valor de falar olhos nos olhos.
A tecnologia, sem limites, será um escape à realidade da vida.
Não é isso que acontece com os mais velhos quando passam o seu tempo na tecnologia e não falam com os cônjuges? Comigo acontece!
2º Quem ama, serve.
Amor sacrifical envolve serviço para com o próximo: serviço também na Igreja (todos).
É uma evidência de amor quando estamos dispostos a servir na Igreja mesmo havendo coisas com as quais não concordamos. Eu sou o primeiro a não concordar com algumas coisas!
A mentalidade de espectador - aqueles que mandam palpites ou opiniões, para quem está a trabalhar no terreno - destrói Igrejas.
É muito fácil fazer críticas e não fazer nada para mudar.
Nós somos chamados a servir a Igreja até porque, quando não fazemos nada, estamos a deixar o serviço todo para algumas pessoas e provocamos desgaste a todos os níveis. Isto não é uma atitude de amor.
Jen Wilkin* “um coração que ama a obra de Deus não deseja que os outros fiquem a trabalhar enquanto ele fica a descansar”.
Além disso, como cristãos, somos chamados a fazer coisas que não gostamos por amor!
Noutra perspectiva, servir a Igreja envolve servir também com as nossas contribuições: ofertas e dízimos.
Um membro de Igreja que não contribui com os seus dízimos não estar a ser amoroso com os seus irmãos até porque para ser membro desta Igreja assumiu esse compromisso.
Falha duas vezes: ao não dar o dízimo e no compromisso que fez com a Igreja.  
Não é justo, não é um acto de amor, se isso acontecer.
Pensemos: se todos dessem na proporção da nossa contribuição, seria possível ter, por exemplo: pastor*, água, luz, gás, seguros, alarme, contribuições missionárias, instrumentos, etc.?
Se a nossa carteira não está disponível para dar o dízimo, então não estamos a amar sacrificialmente a Deus e aos nossos irmãos!
3º Amar alguém é entregar-lhe a beleza do Evangelho
Pedro disse que aquelas pessoas tinham sido salvas por meio da proclamação da Palavra de Deus.
Para que isso acontecesse, alguém teve de proclamar.
Este tem sido e continua a ser o meu compromisso convosco: pregar todo o conselho de Deus mesmo que me possa ser difícil*.
Não há amor maior do que fazer de tudo para ajudar o outro a ver a beleza que há em Cristo.
A quem temos amado através da proclamação do Evangelho?
Eu oro e desejo ardentemente ver este salão e outros salões* cheios de pessoas convertidas!
Que a nossa boca esteja pronta para falar da Esperança que há em Cristo.
E o nosso desejo para cada pessoa possa ser o mesmo de Isaías 12:1-2 Eu te dou graças, Senhor, porque estavas irado contra mim, mas a tua ira acabou e tu confortaste-me. Este é o Deus que me salvou: sinto-me confiante e sem medo, porque a minha força e coragem é o Senhor. Ele foi a minha salvação”.
Que o nosso bom Deus nos ajude.
Amém

domingo, 23 de setembro de 2018

Temendo a Deus


Temos estado a olhar para a 1ª carta de Pedro.
Vamos para o sexto sermão e ainda só estamos no primeiro capítulo (ainda não é hoje que terminamos).
Nos primeiros 12 versículos, reparámos naquilo que Deus fez por nós: escolheu-nos, salvou-nos e guardou-nos.
No v13, vimos o primeiro mandamento: “alegrai-vos na Esperança”.
A partir do v15 vemos o segundo mandamento: “sejam santos porque Deus é Santo”.
Hoje vamos falar sobre “Temor a Deus”.
I Pedro 1:17-21
Há uns tempos, tivemos a oportunidade de ficar com a Júlia.
Brinquei muito com ela*. Passado meia hora virou-se para a Filipa, muito preocupada, e disse: “Filipa, o Jónatas não é assim na Igreja”.
Isto deixou-me a pensar. Não na possibilidade de deixar de brincar com a Júlia, mas na análise da minha vida, se de facto sou diferente na Igreja do que sou no meu lar.
Se houver diferença, qual é o aspecto que está a faltar?
Será que há vivência dupla?
O que está a faltar para sermos a mesma pessoa onde quer que estejamos?
17Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação,
Antes, no V14, Pedro usou o argumento da filiação para justificar o que ia dizer.
Agora, no V17, Pedro usa o argumento da intimidade.
Reparemos: “se invocais a Deus como Pai”.
A ideia desta expressão é mostrar que se de facto existe uma relação com Deus, então alguma coisa tem de acontecer nas nossas vidas.
É bom e extremamente saudável avaliarmos a nossa relação com Deus.
Pensemos se estamos a crescer: em amor para com Deus, na nossa santidade e se estamos a fazer discípulos*.
Se houver pouco crescimento, provavelmente haverá pouca análise ao nosso coração.
Na verdade, quem não analisa a sua vida é porque se acha perfeito. E a Bíblia é clara em Rom. 3:10: “Não há ninguém perfeito”.
Temos de pensar na nossa vida tendo como base a nossa filiação em Deus.
Nós somos filhos de Deus: esta é a nossa identidade.
Tal como vimos a semana passada, se andarmos a tentar obter aprovação do mundo, então queremos provar ao mundo que merecemos a sua aceitação.
Por outro lado, se soubermos que fomos aprovados por Deus, então saberemos que não teremos de provar nada.
O nosso desejo deve ser, sim, um relacionamento de intimidade com Deus.
É bom sabermos que Deus, tal como vemos neste versículo, não faz acepção de pessoas no seu julgamento.
Nota importante: Este não é um julgamento para a salvação (fomos salvos não pelas nossas obras, mas pelas obras de Cristo). Há pessoas que colocam em causa a soberania de Deus, na escolha de quem é salvo, dizendo que “Deus não faz acepção de pessoas”. Isso seria acepção de pessoas se Deus escolhesse com base nos méritos de alguém e desprezasse os outros. Deus salva quem Ele quer, não há um justo sequer, e não nos compete tentar perceber mais do que isso (Romanos 9 – EBD). 
Sendo assim, este julgamento, a que o texto se refere, é ao julgamento das obras que fazemos diariamente.
Romanos 14:12 “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”;
2 Coríntios 5:10 “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”.
Sendo assim, nós temos intimidade com Deus o qual julga com a mesma equidade/imparcialidade quer sejam ricos ou pobres (Tiago 2:1-9); judeus ou gentios (Rom. 2:11); escravos ou judeus (Ef. 6:9).
Saber disto é importante porque há uma grande diferença entre o julgamento de Deus e aquele que muitas vezes fazemos:
1 Samuel 16:7 “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”.
É um descanso enorme saber que Deus NÃO ME VÊ como eu me vejo e NEM ME VÊ como o mundo me vê!
Deus é justo nos Seus julgamentos.
Agora, se nós temos um relacionamento íntimo com Deus e se Deus é justo no julgamento das nossas obras, então teremos que “andar em temor durante o tempo da nossa peregrinação”.
Isto é, enquanto estivermos nesta terra devemos ter temor/reverência a Deus em tudo o que fizermos.
O temor a Deus vai para além da aparência, conforme vimos.
Quem se ilude com as aparências são os Homens.
A reverência ou o temor a Deus significa pelo menos 2 coisas:
1º Glorificar a Deus em tudo o que fazemos: ao olharem para nós possam perceber que somos de Deus;
2º Ter coerência entre o que se vive e o que se fala para que não notem diferença nas nossas vidas como a Júlia notou.
O facto de Deus ser o nosso Pai não deve ser encarado como tendo uma carta branca para fazermos o que quisermos* porque quem ama a Deus ama também a Sua vontade… os Seus mandamentos!
Deus ser o nosso Pai traz responsabilidade aos nossos actos.
É um perigo quando perdemos o temor a Deus!
Nos aconselhamentos que damos notamos precisamente isso: quando alguém perde o temor a Deus, as coisas ficam muito difíceis para não dizer praticamente impossíveis.
Devemos saber que a salvação não deve trazer desleixo à nossa vivência. Deve trazer, sim, temor a Deus.
Tenham a certeza que se nos desleixarmos, Deus fará de tudo para voltarmos ao caminho.
Deus não vai permitir que os Seus filhos vivam no pecado como se nada fosse.
Nem irá fazer a regra dos 3 segundos* porque o pecado (qualquer que seja) é uma enorme ofensa contra Ele.
O problema é que hoje em dia estão a fazer de Deus algo que Ele não é.
Estão a construir um deus feito à imagem e semelhança das pessoas.
Como? Quando dizem coisas como:
- “Deus é tão querido, tão amoroso que Ele só nos quer ver felizes”.
- “Ele só quer o nosso bem! As Igrejas é que são aborrecidas quando falam em pecado”!
Quando estes pensamentos surgem, estamos a arranjar desculpas para o pecado ao afirmarmos coisas como: “Deus é amor. Ele quer que eu seja feliz”.
Temos que reconhecer que estes pensamentos surgem também na vida das pessoas porque a mensagem da Cruz está a desvanecer-se nos púlpitos das Igrejas quando ela é o poder de Deus – salvação!
Reparem: ninguém que se diz cristão e que vive em pecado dirá “Deus é justo e Santo”.
Não nos esqueçamos: Temer a Deus envolve respeitar tudo o que Deus fez por nós em Cristo Jesus ao viver como Jesus viveu!
Agora, quando o apóstolo Pedro disse que deviam temer a Deus enquanto fossem peregrinos, a mensagem estava a ser claramente compreendida pelos leitores desta carta até porque os judeus, no império romano, eram vistos como estrangeiros e a sua integração na sociedade não era bem vista pelos gregos.  
O que Pedro estava a mostrar-lhes e a mostrar-nos também é que nós não somos daqui.
Porquê? Porque os cristãos têm a sua cidadania no céu com o título de residência temporária na terra!
Nós fomos comprados por um alto preço. Deus só nos pede que tememos de todo o nosso coração!
Qual a razão?
18-21sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.
Vemos aqui uma comparação entre o que é perecível e o que é eterno: o que tem valor com o que tem um valor incalculável.
O ouro e a prata eram os metais mais valiosos na altura.
O que Pedro está a dizer aqui é claro: não são os bens aqui na terra que te dão uma segurança eterna. Apesar de valiosos não podem comprar o que o ser humano mais precisa!
E este ponto é fundamental para combatermos a heresia do chamado “Evangelho social”: o maior problema do ser humano não é a fome, a sede ou a nudez. O maior problema do ser humano é o seu pecado e a consequente morte espiritual. 
Obras sem Evangelho, são obras úteis, mas não dão glória a Deus* e não salvam ninguém.
Somos chamados a falar de Jesus a todo o ser humano para que haja a salvação sendo que ao mesmo tempo devemos ajudar as pessoas nas suas necessidades físicas.
Diz-nos o versículo que a salvação garante o resgaste da futilidade da vida que tinham: 1 - judeus viviam uma vida espiritual vazia (Marcos 7:5-13); 2 - antepassados pagãos dos gentios.
A palavra “redenção” ou “resgate” era usada para a libertação de um escravo através do pagamento de um preço estipulado.
Todo o pagamento de resgate trazia a ideia de um dono.
Desde o AT, houve sempre um preço para a libertação do povo.
No caso de Israel, foi preciso o derramamento de sangue de cordeiro sobre os umbrais das portas para salvar o povo da morte.
Esse sacrifício apontava para um sacrifício maior: aquele que serviria para aplacar a Ira de Deus.
Um sacrifício que fosse suficiente para salvar todos aqueles que se arrependessem dos seus pecados.
Para que esse sacrifício fosse aceite por Deus, era necessário que uma pessoa cumprisse a Lei de Deus na Sua plenitude (daí a necessidade de ser homem).
O sangue dos cordeiros apontava a Jesus.
Daí vermos no v19: “mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”.
Em João 1:29 também podemos ler “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
Era preciso sangue para haver redenção de uma pessoa perfeita (Hebreus 9) e única pessoa perfeita foi o Senhor Jesus.
Não tenhamos dúvidas que o único sacrifício que aplacou a Ira de Deus, de todas as pessoas que se arrependerem dos seus pecados, foi o de Jesus.
Só houve justiça perfeita porque houve perfeição na vida de Jesus o que mostra a nossa imperfeição completa.
E se pensarmos mais um pouco e ligarmos ao que foi dito a semana passada, a santificação mostra-nos que nós não somos perfeitos.
Aliás, a santificação é uma declaração da imperfeição do cristão*.
Por isso, não vale a pena tentar impressionar a vida dos outros: todos nós andamos na luta.
Já uma vez o disse e repito até porque acho que os púlpitos estão cheios de homens que tentam ganhar reputação perante uma audiência* em vez de apontarem todas as coisas a Cristo!
Estou cansado de gerir a minha imagem, as expectativas dos outros e o ter de justificar todas as coisas. Assumo publicamente que sou fraco.
Quero viver um cristianismo simplesmente autêntico onde me é permitido dizer que vivo na luta e que não sou perfeito!
Desculpem, mas eu não tenho de provar nada a ninguém porque o mais importante, para mim, já foi conquistado por Cristo lá na Cruz.
Quem disser que não vive na luta ou está a mentir ou ainda não começou ou estagnou no seu processo de santificação.
Não vale a pensa tentarmos impressionar as pessoas com a nossa vivência.
Deus deu a Igreja para os fracos/doentes e não para os sãos!
Deus revela-se nas nossas fraquezas!
O poder de Deus revela-se nos nossos momentos fracos*.
Nas nossas vidas não devemos ter receio de mostrar publicamente os salmos.
Isto é, se hoje David falasse da sua vida como falou ao escrever os Salmos, diríamos:
- estava maluco;
- era alguém muito fraco;
- devia resguardar-se.
O livro de Salmos é das colectâneas mais honestas da vivência do cristão!
É muita fraqueza humana lá contida e muita força do nosso Deus.
Não é em vão que quando as pessoas estão mais em baixo procuram o livro de Salmos.
Temos de viver mais Salmos na nossa vida!
Temos de dar margem às pessoas na Igreja para que possam confessar os seus pecados, as suas fraquezas e pedirem ajuda.
Temos de nos alegrar* quando alguém diz que Deus salvou, por exemplo, o seu casamento.
Temos de nos alegrar e não julgar quando alguém diz que Deus concedeu o perdão perante algo que fizeram.
Temos de aprender a ser como o pai do filho pródigo que viu o seu filho a sair, a gastar tudo, a fazer as coisas mais terríveis e mesmo assim recebeu-o de braços abertos sem perguntas.
Falta compaixão nas nossas palavras porque elevámos a aparência acima de todas as coisas e esquecemo-nos do temor a Deus!
O nosso coração precisa de ser transformado e só há transformação de vidas quando o coração for transformado, não por mensagens motivacionais, mas sim transformado pelo Evangelho.
Se temos intimidade com Deus, devemos ter temor/reverência para com Ele.
Não nos devemos esquecer que a salvação nos foi dada gratuitamente. Contudo, teve um grande preço para Deus: a vida do Seu único filho.
Jesus não foi uma solução de recurso para um plano que correu mal.
Jesus foi escolhido/eleito – é muito mais do que saber de antemão – por Deus antes da criação de todas as coisas.
Pensar nestas verdades do Evangelho transformará a nossa vivência em várias áreas, como por exemplo no desejo de proclamar esta mensagem a toda a criatura.
Se queremos ter temor a Deus, aproveitemos também as oportunidades para testemunhar porque uma das melhores formas de mostrar temor a Deus passa por espalhar o Seu nome a toda a criatura.

Pensemos:
Depois de tudo o que Cristo fez por nós:
- Temos tido temor a Deus nos nossos momentos pessoais?
- Temos tido temor a Deus nas nossas famílias?
- Temos tido temor a Deus nas nossas Igrejas?
- Temos tido temor a Deus no nosso testemunho com as pessoas não cristãs?


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Pregação no casamento da Joana e do Guga


Salmos 101:1-3

Este Salmo tanto pode ter sido escrito pelo rei David ou ter sido feito para o Rei David.
A partir daí, começou a ser lido pelos reis quando tomavam posse.
No fundo, estavam a comprometer-se a viver uma vida que agradasse a Deus tanto no lar como no seu reinado.
Este é o desejo que eu tenho para as vossas vidas: agradem a Deus em todos os momentos da vossa vida!

V1 “Cantarei a bondade e a justiça; a ti, Senhor, cantarei”

David olhou para Deus e viu como Ele era bom e justo.
Este é o primeiro desafio que vos deixo: a vida, às vezes, é tão tortuosa que torna-se fundamental olhar para o alto para seguir em frente.
No vosso casamento, precisam de olhar para o amor de Deus durante o dia para saberem louvá-lo durante a escuridão da noite.
Para isso ser uma realidade, têm de ter uma vida diária de intimidade com Deus pois ao aprenderem a falar com Deus vão, ao mesmo tempo, aprender também a falar com outro.
É verdade que há casamentos que resistem sem haver qualquer intimidade com Deus.
Contudo, todos os casamentos que colocam Deus no centro das suas vidas permanecem firmes perante momentos difíceis na vida.
Porquê? Porque só em Deus encontramos a mais profunda felicidade mesmo quando a vida nos quiser derrubar.
O apóstolo Paulo sentiu esta felicidade profunda e daí escrito um dos versículos mais conhecidos da Bíblia: “posso viver em toda e qualquer situação porque é Deus que me sustém”.
Este é um aspecto importante: muitas vezes, quem se está a casar, atribui um valor enorme ao casamento ao achar que o casamento é uma porta para a felicidade.
O que depois acontece, é que quando deixar de haver essa “felicidade” – o noivado pode dar a entender que os conflitos são inevitáveis, mas não são – as pessoas querem acabar com o casamento e dizem: “o amor acabou. Já não sou feliz. Quero o divórcio”.  
Lembrem-se de uma frase de Dietrich Bonhoeffer: “o que sustenta o casamento não é o amor. O que sustenta o casamento é o compromisso que hoje vocês estão a fazer com Deus”.
Sendo assim, se em algum momento o Guga não fizer a Joana feliz, ou o contrário, o segredo não está em desistir.
O segredo passa, sim, por olharem juntos para a bondade de Deus e perceber que se Cristo nunca vos abandona perante o que fizeram, então também não devem abandonar a pessoa com quem casaram até porque a glória final do vosso casamento não é o casamento em si, nem a vossa felicidade. A glória final do vosso casamento deve ser Cristo.
O rei David queria engrandecer a Deus com o seu reinado.
Este deve ser o vosso desejo também: engrandecer a Deus no vosso casamento mesmo que haja apelos para seguirem outras vias.

V2 “Atentarei sabiamente ao caminho da perfeição. Oh! Quando virás ter comigo? Portas a dentro, em minha casa, terei um coração sincero/íntegro”.

David, depois de ter dito que era para Deus que queria viver, dispôs-se a examinar diariamente a sua vida porque sabia que o seu coração era enganoso.
A palavra “atentarei” tem a conotação de analisar profundamente para se ser prudente em tudo o que se faz. É preciso humildade para se olhar para as intenções do coração.
É um desafio enorme para nós, que vivemos quase sempre num ritmo acelerado, analisarmos como anda a nossa vida pessoal e conjugal.
Tenhamos coragem de fazer perguntas difíceis, ao nosso cônjuge, tais como: “como andas?”; “Precisas de alguma coisa?”; “O que preciso mudar na minha vida para crescermos juntos?”; “sentes-te só no nosso casamento?”.
Por outro lado, muitos casais já não falam um com o outro sobre estes assuntos para não terem de mudar posturas. São muito orgulhosos para que isto aconteça.
E quando questionados, dizem: “Nós estamos bem”. Claro que podem estar bem porque não abordam os assuntos difíceis (pedra sobre o assunto) e esquecem-se que mais tarde irão pagar uma factura bem cara.
Joana e Guga, eu não vos posso dizer: “Vai onde te leva o coração”. Posso dizer-vos, sim, para desconfiarem das intenções do vosso coração e, se for caso disso, tenham sempre humildade em pedir perdão mesmo que seja duro ou até humilhante. Se for preciso, estarei ao vosso lado para ajudar-vos.
David percebeu que a sua caminhada para ser íntegra diante de Deus só poderia ser feita se a mesma começasse no lar porque uma pessoa que é íntegra no lar também será fora dele.
Se quisermos conhecer alguém de verdade, temos de saber como essa pessoa vive no seu lar. Daí David dizer: “até em minha casa andarei com um coração sincero”.
Tenham sempre isto em atenção: o segredo de um casamento, segundo o coração de Deus, está no investimento que se faz no lar!

V3 “Não porei coisa injusta (abominável) diante dos meus olhos; aborreço o proceder dos que se desviam; nada disto se me apegará.

Mais um desejo do rei David para o seu reinado. Ele não queria que os seus olhos vissem coisas abomináveis e nem queria que essas coisas entrassem no seu lar.
David sabia que a lascívia começava no olhar até porque já tinha tido essa experiência quando olhou para Bate-Seba e delineou os seus planos maquiavélicos para ficar com ela.
Olhando para as nossas vidas, a verdade é que passamos muito tempo a olhar para os outros.
Por vezes, olhamos, não no sentido de perceber como podemos ajudá-los, mas olhamos para desejar/invejar as suas vidas.
Precisamos de ter cuidado com o que vemos e ouvimos porque o diabo usa esses dois sentidos para estoirar com a nossa vida e com a vida daqueles que nos rodeiam. E a principal bomba que ele coloca na nossa vida é a inveja.
Sejam agradecidos com o que têm até porque, segundo Tiago 1:17, tudo o que de bom temos se deve à bondade de Deus e não ao nosso merecimento.
Termino com um apelo e um desejo:
Lutem sempre pelo vosso casamento e lembrem-se que os cristãos vão à luta de joelhos e com a Palavra de Deus. Fazemos isto pela certeza que temos que Cristo deu a Sua vida pelas nossas vidas.
Eu não vos vou desejar felicidade, mas fidelidade porque nesta fidelidade a Deus encontrarão a maior felicidade que o ser humano pode encontrar: Cristo.
Se o casamento fosse acerca da felicidade, vocês iriam desistir do vosso casamento quando os problemas surgirem e anunciavam ao mundo que Cristo se divorciou da Sua Igreja e isso é e será impossível.
Que Deus vos abençoe a serem fiéis em todos os momentos.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Amar quem ama as nossas vidas!


Se a vida do pastor fosse:
- boa;
- saudável;
- próspera materialmente;
- descansada;
- trabalhar apenas ao Domingo;
Certamente não haveria falta de pastores.
É preciso dizer que ser pastor em Portugal é quase um acto de ousadia.