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domingo, 13 de novembro de 2022

Falso Evangelho= JESUS + POLÍTICA

 “Um cristão não pode votar no partido X”;  

“Dou graças a Deus que não sou como aquela pessoa que se diz cristã e vota em Y”.

Se for realmente assim, o que votar no partido ou no político "certo", será salvo.
Quando o falso Evangelho é “Jesus + política”, os discursos passarão a ser carregados de ódio para com quem pensa diferente. E o Evangelho pouco a pouco passa para segundo plano das Igrejas.
Fazem da política ou dos políticos a maneira pela qual conseguirão mudar o mundo.
Quero dizer-vos uma coisa: se não for o Evangelho a mudar o coração das pessoas, podem vir as melhores leis do mundo, devemos lutar para que isso aconteça, que o ser humano continuará a ser pervertido até porque ele é pervertido por natureza. É por isso que no Brasil, USA, em Portugal e outros mais, as Igrejas/as famílias/os relacionamentos estão quebrados ao viverem em guerra uns com os outros.
Eu só confio em Jesus para mudar os corações das pessoas. Eu não vejo nada mais na Bíblia para além desta verdade até porque “Jesus é o caminho, a verdade e a vida e ninguém vai ao Pai, se não for por Ele”.
Obviamente que não anulo a responsabilidade humana pois a nossa fé deve ser vista em tudo o que fazemos e não foi em vão que foram pessoas cristãs as responsáveis pela abolição da escravatura.
Jesus mais qualquer outra coisa é sempre uma mensagem contrária ao Evangelho. Não é em vão que a mensagem do Evangelho nos diz: Não há nada em nós que nos faça ser aceites por Deus. Somos incapazes, inclusive, de fazer alguma coisa para merecermos a salvação. Por isso, precisamos de um Salvador que nos venha buscar independentemente do que fizemos no passado. Resta-nos reconhecer que somos pecadores e acreditarmos que Jesus foi à Cruz no nosso lugar. E ao sermos salvos, vamos desejar viver como Jesus viveu não nos importando os custos que isso possa ter. A obediência à Sua Palavra é a forma de mostrarmos o quanto estamos gratos por aquilo que Ele fez.
Estás a investir o teu tempo a pregar o Evangelho ou estás a perder o teu tempo a tentar mudar comportamentos?
Lembra-te: os comportamentos só serão mudados, se o coração for transformado pelo Evangelho.
É por isso que não me quero perder em guerras por aí e nem ser conhecido por outra coisa que não seja: “O Jónatas? O Jónatas só fala do Evangelho”.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

A importância da presença na adolescência

           Durante um ano inteiro fui guarda redes suplente do Tondela (iniciados). É aquele lugar que não interessa a ninguém e que é ocupado pelo jogador mais fraco. 

No entanto, sempre tive o meu pai presente a ver os jogos todos mesmo sabendo que nunca ia jogar (entrei apenas uma vez para o meio-campo).

Isso foi muito importante para mim, numa altura em que era rejeitado por muitos colegas na escola, pois tinha alguém interessado nas minhas coisas mesmo sendo para ver-me no banco dos suplentes. A presença tem um valor inestimável.

Além disso, o meu pai foi um exemplo na sua relação com Deus e no cuidado com as pessoas. Isto ajudou-me imenso quando comecei a pastorear sozinho com 24 anos. 

Embora as suas palavras não surtissem efeito na minha adolescência, a sua presença e o seu exemplo foram meios pelos quais Deus usou para eu conseguir andar num caminho muito tortuoso que percorri até chegar aqui.

Sou agradecido pela vida do meu pai e oro para ser essa referência na vida dos meus filhos!

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Aprendendo a lidar com doença rara e dores!

 Receber uma notícia sobre a nossa saúde não é fácil quando a mesma pode ter consequências hereditárias.

Viver diariamente lutando com as nossas fraquezas pode ser particularmente duro principalmente quando se lida com “doenças silenciosas”.

Uns momentos podemos estar bem e no dia a seguir passamos por uma fase complicada.

Como explicar a quem nunca viveu? Não sei. Eu não entendi me muitos momentos. Fui injusto.

Por outro lado, o que nos deve animar não é que há casos mais difíceis que os nossos. O que nos deve fazer alegrar é que Deus vai fortalecendo diariamente para cumprirmos o propósito para o qual fomos chamados ainda que possa ser doloroso.

Estou a aprender a viver com um “espinho na carne” o qual me tem atormentado. No entanto, quero viver a realidade que a “Graça de Deus me basta”. 

Tenho a teologia toda embora por vezes seja difícil chegar ao coração. 

É uma bênção saber que tenho muitas pessoas a orarem por mim e peço, principalmente, para que Deus me use para falar da Esperança que há em Cristo a todos os que sofrem.

 

𝐓𝐞𝐱𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐦𝐞 𝐭𝐞𝐦 𝐝𝐚𝐝𝐨 𝐟𝐨𝐫ç𝐚

«E para que eu não ficasse vaidoso (…), foi colocado no meu corpo um espinho, um enviado de Satanás que me atormenta continuamente. Isso impede que eu me envaideça. 

Por três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas ele respondeu-me: «Basta que tenhas a minha graça. Pois a minha força manifesta-se melhor nas fraquezas.» 

Por isso, acho muito melhor orgulhar-me das minhas fraquezas, para que a força de Cristo desça sobre mim. 

Alegro-me, portanto, com as fraquezas (…). Pois quando me sinto fraco, então é que sou forte.»

2 Cor. 12:7-10

sexta-feira, 19 de março de 2021

Dia dos pais

Os nossos filhos são o nosso primeiro campo missionário e por isso precisam das nossas orações. Além disso, os filhos não nos são dados por Deus para os exibirmos, cumprirmos uma pressão cultural existente, dar significado ao casamento ou muito menos para resolvermos os problemas do nosso matrimónio. Os filhos são dados por Deus para que possamos, na medida que nos for possível, fazer discípulos do Senhor Jesus.

Não devemos esquecer que "temos de cumprir a nossa responsabilidade de pais da melhor maneira que pudermos, mas, no fim do dia, eles pertencem ao Senhor"(1).

Por isso, "a missão de criar filhos é o que existe de mais valioso na sua vida e isso demonstra-se todos os dias nas suas escolhas, palavras e ações"(2).

O que fazer se não se sente apto para esta missão? "Nenhum filho ou filha deseja ser criado por pais que se consideram aptos para a tarefa. Pais "capazes" tendem a ser orgulhosos e seguros de si. Por sentirem orgulho da sua capacidade, agem com precipitação e excesso de autoconfiança e, ao fazê-lo, demonstram carecer de paciência e compreensão. Pais “capazes” tendem a presumir que seus filhos também são capazes, e assim, não demonstram sensibilidade quando a fraqueza de seus filhos é exposta. Pais “capazes”, que se orgulham de cumprir a lei, estão inclinados a oferecer a seus filhos mais lei do que graça e são mais rápidos em julgar do que em compreender. Pais “capazes” costumam desejar que seus filhos sejam seus troféus, uma demonstração pública de sua capacidade. É difícil viver com pessoas que negam sua fraqueza, pois quem nega sua fraqueza não costuma ser paciente, amoroso e compreensivo com os que são fracos" (3).

Precisamos chegar ao pé de Deus e pedir ajuda em vez de fazer ameaças numa tentativa desesperada: - Por que usamos ameaças? Porque elas têm eficácia temporária. Pense bem: é adulto e os seus filhos têm metade do seu tamanho, por isso a sua presença é ameaçadora. Os seus olhos arregalados, o seu rosto vermelho, o dedo em riste e a voz potente são ameaçadoras. Com as suas reações, pode fazer com que o seu filho ou a sua filha tenha medo de irritá-lo. Contudo, preciso fazer uma distinção aqui. Ter um filho com experiência suficiente do que acontece quando se zanga e, por essa razão, tem receio de irritá-lo é bem diferente de ter um filho que se sente motivado por um desejo interior de fazer o que é certo e está ciente de que precisa da ajuda de Deus para fazê-lo" (4). 

Até porque "chegará um momento na vida de todos os filhos em que eles não se sentem mais ameaçados pelos seus pais. Se depende de ameaças para controlar os seus filhos, esse momento a que me refiro é, ao mesmo tempo, assustador e deprimente, pois a ferramenta que usou durante anos subitamente não funciona mais. (...) A ameaça sem a graça é uma ferramenta de controle externo que não conseguirá transformar a essência de seu filho ou da sua filha da forma como deveria" (5).

Olhemos, pois, para cada desafio uma oportunidade de mudança pois "a tarefa de criar filhos é uma missão de resgate, dia após dia, momento após momento. Significa que, como pais, precisamos lembrar diariamente de que somos chamados para resgatar os nossos filhos muitas e muitas vezes e que esses momentos não nos devem aborrecer quando esse resgate é necessário" (6).

Nada melhor do que começar esta missão com a confissão: "Quando os pais aprendem a confessar abertamente o seu pecado diante dos filhos, estão a transmitir a mensagem de que não se acham perfeitos e de que também têm as suas próprias lutas com o pecado, assim como eles. Isso vai dar esperança aos seus filhos, na medida que lhes mostrará que não há nada tão errado com eles que não esteja errado convosco também. Eles verão que, embora os pais pequem, são amados por Deus, o que os incentivará a participar dessa verdade" (7).

Lembre-se: os filhos vêm mostrar que afinal somos especialistas na arte de educar os filhos dos outros e que, por isso, precisamos clamar auxílio para as nossas vidas para podermos ajudar os nossos filhos a crescer pois "criar filhos resume-se nesta frase: pessoas inacabadas (nós, os pais) sendo usadas por Deus como agentes de transformação na vida de pessoas inacabadas. É verdade que, assim como aconteceu consigo, os seus filhos deixarão a sua casa ainda inacabados" (8).

 





____________________

(1) Michael Horton, "Bom demais para ser verdade", p. 187

(2) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 22

(3) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 31

(4) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 53

(5) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 53-54

(6) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 84

(7) Elyse Fitspatrick e Dennis Johnson, "Aconselhamento a partir da cruz"

(8) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 74


quarta-feira, 17 de março de 2021

Esperar?

Quando estamos a passar por uma provação, normalmente não temos respostas da parte de Deus. Temos, sim, perguntas para fazer-nos pensar e orar. E devemos orar não para mostrar a Deus as nossas necessidades, como se Ele não soubesse, mas para submetermos a nossa vontade àquilo que Deus tem para as nossas vidas.

Há momentos de espera e de dor que se prolongam para o bem da nossa fé.
Apesar de podermos ser derrubados, nós já não podemos ser derrotados. Em Cristo somos mais do que vencedores.

Lembra-te: pode haver dor na nossa caminhada, mas haverá tranquilidade na nossa chegada!




terça-feira, 16 de março de 2021

Vives como condenado ou libertado?

Ao termos a nossa identidade bem definida em Cristo, somos filhos de Deus, não iremos temer as opiniões ou críticas que ouviremos como também não recearemos dizer alguma coisa a alguém com medo da sua reação/rejeição. 

O que fazer quando nos deparamos com a crítica?


Não ter medo 

Muitas vezes o nosso corpo e a nossa mente traem-nos ao gerar ansiedade indevida quando somos alvos de uma crítica perante algo que fizemos. Receamos ser rejeitados. Temos pavor que o nosso nome possa ficar manchado e não sermos reconhecidos.

Por isso, tememos ser confrontados com a opinião alheia porque "o temor da crítica torna-se uma ameaça maior do que a própria crítica em si"[1].

Nestes momentos, devemos lembrar-nos que os julgamentos das nossas ações já aconteceram e Cristo assumiu todas as nossas culpas. Está na hora de sermos livres, ao não passarmos mais no tribunal da opinião das pessoas, para vivermos como salvos e não mais como condenados à espera de libertação.


Avaliar a pertinência

Quando percebemos que a nossa vida não depende mais da aprovação ou rejeição das pessoas teremos mais capacidade para avaliarmos as críticas que nos são feitas. 

Como fazer? Joel Beeke ajuda-nos a avaliar estes momentos: "O ambiente físico, o momento e a situação que geraram a crítica podem ajudar-nos a determinar se ela é proveitosa. Como regra geral, não reaja à crítica por, pelo menos, 24 horas dando a si mesmo tempo para orar, filtrar os seus sentimentos, superar a mágoa e a consultar outros cuja sabedoria respeita. O tempo de oração é fundamental. A oração coloca a crítica no contexto apropriado. Traz clareza à mente e vigor à alma; diminui a ansiedade e reacende a paixão por aquilo que é correto e verdadeiro"[2].

Deus usa muitas vezes pessoas com maturidade cristã ou até pessoas mais cruas na forma como falam para corrigir algum ídolo existente na nossa vida. Estes momentos de avaliação são sempre importantes e não devemos desprezá-los pois há sempre alguma coisa a aprender. 

Por outro lado, “as pessoas orgulhosas são defensivas, nervosas, gostam de jogar a culpa nos outros e concentram-se em si mesmas. Acham sempre que o problema não está com elas, mas sim com o mundo".[3]

Não desprezes a crítica que te é feita mesmo podendo ser feita em modos menos corretos.


Aprender a responder

Depois de avaliarmos a crítica que nos é feita, sabendo que isso não deverá interferir com a nossa identidade, devemos então pensar em responder, se for necessário.

Isto é, "se as críticas dizem algo construtivo, absorva-as, confesse a sua falha, seja o primeiro na autocrítica, peça perdão com sinceridade, mude para melhor e continue o seu ministério. Se as críticas não oferecem nada construtivo, seja cortês e educado; e siga em frente. Nunca se torne irado nem auto-defensor, mas ofereça a outra face como Jesus aconselhou. Se a sua consciência é pura, uma explicação simples e clara pode ser proveitosa em certos casos embora o silêncio respeitoso seja frequentemente mais apropriado e eficaz (Marcos 14:61). A qualquer custo esforce para não justificar a si mesmo; os seus amigos não precisam disso, e os seus inimigos provavelmente não acreditarão na sua justificativa. Recuse-se a descer ao nível da crítica negativa; não retribua ao mal com o mal. Lute as batalhas de Deus, não as suas próprias, e descobrirá que Ele lutará as suas batalhas. Não lhe compete retribuir (Rom. 12:19)"[4].



 Viver uma vida normal

Se tivermos a nossa vida alicerçada em quem somos em Cristo, não dependeremos das críticas que nos fazem sendo as mesmas justas ou injustas. "A pessoa que se esquece de si mesma não se sente ferida, não fica mal quando criticada. A crítica não acaba com ela, não lhe tira o sono e não a incomoda. Por quê? Porque a pessoa que se sente arrasada com as críticas valoriza demais o que os outros pensam, valoriza demais a opinião alheia"[5].


Lembra-te: o Evangelho é o único que tem poder para garantir estabilidade na tua vida emocional. Se estiveres à espera que seja a tua autoestima, vais estar sempre à espera de injeções morais em tudo o que fazes e dependerás da validação dos outros para conseguires seguir em frente. 





[1] Joel Beeke, "Vencendo o mundo", p.  163

[2] Joel Beeke, "Vencendo o mundo", p. 154

 

[3] Francis e Lisa Chan, "Você e eu para sempre", p. 71

[4] Joel Beeke, "Vencendo o mundo", p. 156

 

[5] Tim Keller, "Ego transformado", p. 38 (Versão Pilgrim)

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

2 Pedro 2:20-22 ensina a perda da salvação?

Kistemaker dá-nos a resposta


20 Se escaparam da corrupção do mundo pelo conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo e estão novamente enredados no mundo e subjugados, encontram-se em pior situação do que estavam no princípio.

Quem é o sujeito desse versículo? Alguns escritores dizem: “Os falsos mestres”. Outros comentaristas afirmam: “Os recém-convertidos que foram desviados”.52 Os argumentos apresentados para defender qualquer uma das duas posições são convincentes. Por exemplo, o uso da conjunção portanto (que não aparece na NIV) como primeira palavra do versículo 20 forma uma ponte com o versículo anterior (v. 19). Tendo em vista que os dois textos formam uma unidade, tratam do mesmo assunto: os falsos mestres. Por outro lado, o verbo escapar aparece nos versículos 18 e 20. O sujeito desse verbo parece ser idêntico em ambos os versículos, mas o argumento a favor do uso de um determinado verbo deve ser contrabalançado com a observação de que ser vencido, que aparece nos versículos 19b e 20, refere-se aos falsos mestres. Por fim, à luz dos versículos anteriores, que têm os apóstatas como principal assunto, muitos comentaristas aplicam os três últimos versículos desse capítulo a esses mestres. Considerando as evidências convincentes que são apresentadas por ambas as partes, estou certo de que, em vista do fluir do capítulo como um todo, o sujeito consiste dos falsos mestres.

a. “Se escaparam da corrupção do mundo”. Apesar de parecer uma fase condicional, essa é a declaração de um fato. Falta o elemento de probabilidade, e a experiência daquilo que aconteceu no passado torna-se evidente. No grego, a forma verbal indica que, em certa ocasião, os falsos mestres deixaram as contaminações do mundo. “Haviam escapado das corrupções do mundo” (NEB; ver também JB). A diferença na forma verbal é evidente (no v. 18): “[Eles] mal haviam começado a escapar” (NEB). Essa variação do uso da forma verbal mostra que Pedro estava pensando nos novos convertidos que se encontravam no processo de romper com sua vida passada. Aqui no versículo 20, porém, está descrevendo os hereges que, em determinada ocasião, abriram mão de seu mundo e suas corrupções. “Restam poucas dúvidas de que os falsos mestres haviam sido cristãos ortodoxos”. No passado, essas pessoas eram membros da igreja e conheceram os ensinamentos da fé cristã.

b. “Pelo conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo”. Em algum momento, os falsos mestres conheceram Jesus Cristo como Senhor e Salvador? A resposta é sim. Quando, por exemplo, Jesus enviou seus discípulos dois a dois, ele mandou Judas e um outro discípulo. “Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse: expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo” (Mc 6.12,13). Judas obviamente conhecia Jesus; ele pregou e realizou milagres em nome de Jesus. Ainda assim, Judas traiu seu Mestre.

Os apóstatas tinham conhecimento de Jesus Cristo, mas esse era desprovido da intimidade que caracteriza o relacionamento do verdadeiro crente com Cristo. Essas pessoas haviam confessado o nome de Cristo como seu Senhor e Salvador, mas com o tempo mostram que seu conhecimento era meramente o saber intelectual (comparar com Mt 13.20,21). Observe também que Pedro não usa os termos e crente nesse contexto. Os mestres nunca depositaram sua fé e confiança em Jesus Cristo. Por faltar-lhes um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, eles se desviaram.

c. “Estão novamente enredados no mundo e subjugados”. O grego indica que, na realidade, esses mestres voltaram a entretecer-se na trama da corrupção do mundo. Trata-se de um fato consumado: mesmo tendo deixado o mundo momentaneamente, eles voltaram e se corromperam novamente com seu sórdido pecado. O resultado é que deixaram de ser livres; são escravos do pecado (v. 19). Qualquer resistência à corrupção do mundo está fora de questão, pois foram vencidos pelo pecado e servem-no como escravos.

d. “Encontram-se em pior situação do que estavam no princípio”. Eis aqui a declaração conclusiva no grego, que Pedro toma emprestado quase palavra por palavra dos ensinamentos de Jesus. Tratando da expulsão de demônios, que voltam com mais sete espíritos à pessoa anteriormente possuída, Jesus diz: “O último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro” (Mt 12.45; Lc 11.26; e comparar com Mt 27.64).

Pedro escreve de forma descritiva sobre o destino dos apóstatas. Suas palavras, porém, contêm uma advertência urgente aos crentes para que não sigam o caminho dos hereges, que leva à destruição irrevogável e eterna.


21 Teria sido melhor para eles que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que conhecê-lo e depois darem as costas para o mandamento sagrado que lhes foi transmitido.

a. Dever não cumprido. O que Pedro fala sobre os falsos mestres é o oposto daquilo que era esperado deles. Se sua fé tivesse sido autêntica e seu conhecimento verdadeiro, eles teriam se desenvolvido espiritualmente a fim de ensinar a outros o caminho da salvação. Se fossem verdadeiros mestres cristãos, teriam ensinado a outros o evangelho de Cristo. Porém, recusaram-se a seguir o “caminho da justiça” e negaram Jesus Cristo como Senhor soberano (v. 2; Jd 4). Suas vidas eram o contrário do que deveriam ser.

b. Apostasia. Pedro diz: “Teria sido melhor para eles que não tivessem conhecido o caminho da justiça”. Todavia, apesar de terem sido instruídos na fé cristã, desviaram-se de Deus e de sua Palavra. Por terem deliberadamente se voltado contra Deus, enfrentam julgamento eterno. As Escrituras advertem clara e repetidamente sobre o pecado da apostasia. Eis aqui duas passagens:

Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites… A quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão [Lc 12.47,48].

Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários (Hb 10.26,27; ver também Hb 6.4–6; Pv 21.16).

Nesse ponto, devemos distinguir entre os pecados intencionais e não-intencionais. A pessoa que peca deliberadamente contra Deus expressa de forma aberta a rebeldia contra Deus que, nos tempos do Antigo Testamento, resultava em pena capital (Nm 15.30). O autor aos Hebreus, ao comentar o destino de um apóstata, diz: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (10.31).

c. Comparação. Se não conhecessem o caminho da justiça, os falsos mestres poderiam alegar ignorância. Mas agora não. Eles conhecem o “caminho da justiça” que João Batista já havia revelado ao povo de Israel em preparação para a vinda de Jesus (Mt 21.32). Além do mais, a expressão o Caminho era usada como sinônimo da fé cristã na primeira metade do século 1.

Os falsos mestres não apenas conheceram o Caminho, como também “deram as costas para o mandamento sagrado que lhes foi transmitido”. O que é esse “santo mandamento”? É o mesmo que a mensagem do evangelho de Cristo. Na passagem paralela, Judas chama esse mandamento de “ que uma vez por todas foi entregue aos santos” (v. 3; itálico nosso). Em outras palavras, o mandamento de Pedro e a fé (doutrina cristã) de Judas são a mesma coisa. Pedro escreve que esse mandamento, a saber, o evangelho, foi passado para eles. A expressão lhes foi transmitido é um termo técnico que se refere a receber o evangelho com o propósito de ensiná-lo e, assim, passá-lo adiante para os ouvintes (ver especialmente 1Co 11.2,23; 15.3; Jd 3). Pedro chama esse evangelho de tradição sagrada, o que significa que deve ser mantido intacto, obedecido e ensinado. Os falsos mestres, porém, quebraram a cadeia de receber e transmitir o evangelho de Cristo. Alteraram o seu conteúdo, rejeitaram seus ensinamentos e perverteram sua verdade (comparar com os vs. 1–3). Ao fazê-lo, cometeram o pecado imperdoável, ou seja, o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo (Mt 12.32; 1Jo 5.16).

Conclusão

22 Quanto a eles, os provérbios são verdadeiros: “um cão volta para o seu vômito” e “uma porca lavada volta a chafurdar-se na lama”.

Pedro conclui sua análise descritiva dos falsos profetas com dois provérbios. O primeiro é citado exatamente como aparece no Antigo Testamento. Provérbios 26.11 traz o seguinte texto:

Como o cão que torna ao seu vômito,

assim é o insensato que reitera a sua estultícia.

Os judeus tratavam os cães com desprezo, e não como melhor amigo do homem. De acordo com o Antigo e Novo Testamento, os judeus tratavam os cães como animais impuros. Um cão “vivia dos restos de todo tipo de coisa e, assim, era potencialmente o transmissor de muitas doenças”.58 Como animal que se alimenta de lixo, ele volta ao próprio vômito, cumprindo assim o provérbio. Pedro usa esse provérbio para comparar o hábito natural de um cachorro com os falsos mestres, que voltam a viver em pecado.

O segundo provérbio parece ser um ditado comum no mundo antigo, pois aparece em vários manuscritos. Seus dizeres são bastante óbvios. Um porco procura livrar-se dos insetos que o perturbam e do calor do sol rolando na lama. Apesar de a porca ser lavada, por natureza, ela volta à lama de onde veio. Ela rola na sujeira e grunhe de contentamento. Mais uma vez, a aplicação aos apóstatas é clara e descritiva. Assim como o porco gosta de rolar na imundície, os hereges sentem prazer na libertinagem e imoralidade.

Jesus cita cães e porcos na mesma frase quando diz: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas” (Mt 7.6). Ele instrui os discípulos a distinguirem entre as pessoas que são receptivas à mensagem do evangelho e aquelas que pisam sobre o que é sagrado. Tais pessoas são como cães e porcos.

Eis uma observação conclusiva: ao vomitar, o cão se alivia das impurezas internas; a porca lavada é limpa da lama externa. De qualquer modo, os dois animais voltam para a mesma sujeira.


 Simon J. Kistemaker, Epístolas de Pedro e Judas, trans. Susana Klassen, 1a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006), 417–419.


 Simon J. Kistemaker, Epístolas de Pedro e Judas, trans. Susana Klassen, 1a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006), 420–423.




quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Pacto das Igrejas Baptistas

 


Tendo sido levados pelo Espírito Santo a aceitar a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, e baptizados, sob profissão de fé, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, decidimo-nos, unânimes, como um corpo em Cristo, firmar, solene e alegremente, na presença de Deus e desta congregação, o seguinte Pacto:

Comprometemo-nos a, auxiliados pelo Espírito Santo, andar sempre unidos no amor cristão; trabalhar para que esta igreja cresça no conhecimento da Palavra, na santidade, no conforto mútuo e na espiritualidade; a manter os seus cultos, as suas doutrinas, as suas ordenanças e a sua disciplina; a contribuir liberalmente para o sustento do ministério, para as despesas da igreja, para o auxílio dos pobres e para a propagação do evangelho em todas as nações.

Comprometemo-nos, também, a manter uma devoção particular; a evitar e condenar todos os vícios; a educar religiosamente os nossos filhos; a procurar a salvação de todo o mundo, a começar pelos nossos parentes, amigos e conhecidos; a ser correctos nas nossas transacções, fiéis nos nossos compromissos, exemplares na nossa conduta e a ser diligentes nos trabalhos seculares; a evitar a detracção, a difamação e a ira, sempre e em tudo visando à expansão do reino do nosso Salvador.

Além disso, comprometemo-nos a ter cuidado uns dos outros; a lembrarmo-nos uns dos outros nas orações; a ajudar mutuamente nas enfermidades e necessidades; a cultivar relações francas e a delicadeza no trato; a estar prontos a perdoar as ofensas, buscando, quando possível, a paz com todos os homens. Finalmente, comprometemo-nos a, quando sairmos desta localidade para outra, a unirmo-nos a uma outra igreja da mesma fé e ordem, em que possamos observar os princípios da Palavra de Deus e o espírito deste pacto. O Senhor nos abençoe e nos proteja para que sejamos fiéis e sinceros até a morte.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Adoração a quem?

É muito fácil encontrar pessoas que deixam uma Igreja que oferece bom ensino e pregação para se juntar a uma Igreja que tenha boa música alegando que existe lá "melhor adoração".
Contudo, uma adoração excelente não pode ser apenas porque há louvor excelente. A razão? Não há culto excelente até que se pare de encontrar um louvor excelente e se vá procurar o próprio Deus.
Precisamos, por isso, pensar se estamos a adorar o louvor em vez de adorar a Deus.
-> D. A. Carson a fazer pensar

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Piedade


Piedade significa viver uma vida santa diante de Deus e dos Homens.
É procurar viver como Jesus viveu.
É mostrar amor, perdão, graça e misericórdia às pessoas tal como recebeu da parte de Deus.
É ter as verdades na mente e também no coração!
Este é um dos aspectos mais importantes na vida do cristão: o que está na mente deve reflectir-se nas suas emoções e nos seus relacionamentos.
Se pensarmos um pouco, com mais ou menos tempo de estudo, é muito fácil o cristão ter os conceitos teológicos na sua mente, mas o mais difícil é a vivência desses mesmos conceitos.
Requer, tal como diz o texto, um exercício diário ao chegar-se cada vez mais da Cruz para ser quebrada pela mesma.
Este exercício deve ser feito diariamente, sem recurso aos holofotes, pois quem mostra os outros o que faz provavelmente não está interessado em viver essas verdades pois o seu desejo é ser admirado pelas pessoas!
Pensemos nos fariseus e como eles lidavam com os outros. Eles tinham a doutrina, mas não tinham piedade. Chegavam ao ponto de agradecerem a Deus por não serem como as outras pessoas.
Os fariseus não sabiam lidar com a dificuldade que os outros têm em viver a vida cristã porque que a sua arrogância espiritual era tremenda!
Por isso, desejo e trabalho para que na Graça todos possam ser humildes de coração pois todos, independentemente das etapas onde estamos, somos pecadores e a precisar da mesma pessoa: Cristo.
Quando achamos que já chegámos a um sítio que os outros não chegaram, a tendência é ficarmos arrogantes e orgulhosos.
Temos de estar disponíveis para amar as pessoas que admitem as suas falhas e a sua dificuldade em fazer o caminho porque este é o exemplo que aprendemos de Deus na Sua relação para connosco.
 Se queremos fazer um exame espiritual à nossa vida, não é pelo quanto sabemos de teologia. Basta vez como nos relacionamos com Deus e com as pessoas principalmente com aquelas que falham connosco.
(excerto)


domingo, 30 de setembro de 2018

Amai-vos ardentemente


Estamos de Bíblia aberta na 1ª carta de Pedro.
7 Domingos para estudar o 1º capítulo.
Fazemos isso porque temos o compromisso de pregar todo o conselho de Deus não fugindo às passagens mais difíceis.
Até agora percebemos aquilo que Deus fez por nós: escolheu-nos, salvou-nos e guardou-nos.
Vimos depois 3 mandamentos:
“alegrai-vos na Esperança”;
“sejam santos porque Deus é Santo”;
“Temam a Deus”;
Hoje vamos olhar para o 4º mandamento: “Amai-vos ardentemente”.
1 Pedro 1:22-25
Antes de lermos a passagem, convém lembrar que a Bíblia não diz que temos de conquistar o amor dos nossos irmãos em Cristo. A Bíblia dá por garantido o amor entre os cristãos.
Temos nós amado as pessoas que estão ao nosso lado?
O que significa amar biblicamente?
22Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista (o resultado é) o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente,
Conforme temos visto, esta carta foi escrita para os cristãos que estavam a sofrer perseguição.
Crê-se que na sua maioria fossem judeus.
A linguagem que Pedrou usou denota isso mesmo.
Reparemos: “tendo purificado a vossa alma
A purificação era muito comum no judaísmo.
A purificação era um rito que simbolizava libertação da culpa de algo que tinham feito. Era sinal também de pureza moral.
Olhando para o versículo, como é que podemos obter essa pureza na nossa vida? Pela obediência à Palavra de Deus.
Logo, a obediência a Deus e à Sua Palavra é algo exigido aos cristãos.
Só há pureza na nossa vida, se houver obediência.
Por outro lado, a desobediência a Deus é pecado.
E o pecado destrói a nossa vida e mina o nosso relacionamento com Deus e com as pessoas ao nosso lado.
Não devemos desprezar o pecado porque ao pecarmos estamos a dizer a Deus “a minha vida sem ti faz mais sentido. Prefiro adorar outras coisas que não a ti”.
É também por isto que o pecado é uma ofensa grave contra Deus.
Na verdade, só desvaloriza o pecado quem não tem noção da santidade de Deus.
Temos nós buscado pureza na nossa vida através da obediência à Palavra de Deus?
É simples perceber a resposta a esta pergunta porque quando há obediência a Deus, diz o versículo, há também “amor fraternal não fingido” e “amor uns aos outros ardentemente”.
Pedro usou 2 tipos de amor neste versículo:
1º O amor fraternal (filadélfia) –> É a 1ª palavra para amor
A palavra indica amor fraterno entre pessoas do mesmo grupo.
Ao longo do NT, este grupo de pessoas é chamado de Igreja.
Nesse sentido, o que Pedro está a dizer é que se a nossa alma foi limpa pela Palavra de Deus, nós iremos amar-nos uns aos outros profundamente sem qualquer tipo de fingimento/hipocrisia.
2º O amor ágape/sacrificial –> É a segunda palavra para amor.
Esta é a palavra usada para o amor que Deus tem por nós:
- João 3:16 -> Deus amou-nos sacrificialmente ao dar o Seu filho;
- Romanos 5:8 -> Deus mostra o Seu amor através da morte do Seu filho;
Pedro, ao usar esta palavra, está a mostrar que os cristãos devem-se amar, não de uma forma qualquer, mas devem-se amar sacrificialmente tal como Deus os amou.
O amor sacrificial não procura destruir o outro. Procura, sim, a sua restauração.
O amor sacrificial também não procura retribuição e nem protagonismo. Procura, sim, a glória de Cristo na vida do outro!
Pedro foi ainda mais longe ao dizer “amai-vos ardentemente” ou “intensamente”.
Qual será o grau deste amor sacrificial?
Até onde vai a palavra “ardentemente” ou intensamente?
Lucas 22:44 “E, Jesus, estando em agonia, orava mais INTENSAMENTE”.
Qual o grau da intensidade na oração de Jesus quando estava em agonia? Era muito, muito grande até porque Ele orou e orou sem cessar!
O que nos mostra que o amor que devemos ter uns pelos outros deve ser extremamente intenso tal como Cristo teve para connosco.
Quem ama como Cristo, não mede o rácio do custo/benefício do seu amor para com o outro.
Simplesmente ama intensamente!
Olhando para o V22, este amor só será assim se vier de um coração transformado pela Palavra de Deus.
Como é que esta transformação se dá na nossa vida?
V23 dá-nos a resposta
23pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
A palavra “regenerar” significa “novo nascimento”: isto é, alguém que nasceu para uma nova vida com Deus.
Agora, qual o meio que Deus, através do Seu Espírito, dá o novo nascimento?
Diz o texto: “mediante a Palavra de Deus”.
Tiago 1:18 diz-nos o mesmo: Pela Sua própria decisão, Deus trouxe-nos à salvação POR MEIO DA SUA PALAVRA, para sermos os primeiros frutos do seu mundo novo”.
Vejamos mais um exemplo:
Romanos 10:13,14 “(necessidade) Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. (meio) Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e (forma) como ouvirão, se não há quem pregue?
É fundamental entendermos uma coisa: não há salvação/não há transformação sem a pregação da Palavra de Deus.
Deus determinou que houvesse salvação através da Sua Palavra.
Não há outro meio!
Reparemos na parte final do V25: “esta é a palavra que vos foi evangelizada” ou traduzindo à letra seria algo como: “essa palavrav24 que é viva, é eterna e não morre - é o evangelho que vos foi pregado”.
Aquele povo, mesmo sendo judeu, teve de ser o quê?
EVANGELIZADO.
O que nos mostra, de forma absolutamente clara, a responsabilidade que temos de proclamar a Palavra a toda a criatura pois sem proclamação não há salvação.
Quando perguntarem o que será daquele índio (é sempre isto que dizem), que nunca ouviu a mensagem do Evangelho, só poderemos responder, em amor e lamento, que será condenado ao Inferno.
Sendo assim, a verdade central nestes versículos que vimos hoje é:
“Amai-vos ardentemente tal como Deus vos amou ao salvar-vos, através da pregação da Palavra, quando nada mereciam”.
Podemos tirar algumas aplicações para a nossa vida:
1-      Amar é a evidência de termos sido amados por Deus
O apóstolo Pedro disse que se fomos purificados pela Palavra, então temos de mostrar amor pelos nossos irmãos.
E não é com um amor qualquer. É com amor sacrificial.
Ou seja, se fomos amados por Deus quando nada merecíamos*/éramos Seus inimigos, então também devemos amar quem não merece.
Isto é um sério aviso porque a nossa tendência carnal é desprezar quem nos fez mal ou deixar de falar com quem mexeu com a nossa reputação, dignidade ou vontade.
Naquilo que depender de nós, a Bíblia só permite que deixemos de falar numa ocasião.
Deixemos a Palavra falar mais uma vez:
I Coríntios 5:9-11 Disse-vos numa carta para não conviverem com gente que pratica imoralidades sexuais. Não me queria referir a todos os que, no mundo, são imorais, gananciosos, ladrões ou adoradores de falsos deuses. Se assim fosse, teriam que fugir deste mundo. Queria dizer que NÃO TIVESSEM CONTACTO COM AQUELES QUE SE DIZEM CRENTES E SÃO imorais, gananciosos, adoradores de falsos deuses, caluniadores, bêbedos ou ladrões. Com esses, nem sequer se devem sentar à mesa”.
Devemos deixar de conviver/saudar com aquelas pessoas que, dizendo-se crentes, dão mau testemunho do Evangelho através de várias imoralidades sem qualquer tipo de arrependimento!
Logo, eu não devo agir de forma de forma diferente com os outros daquela que Deus agiu e age comigo.
Pensemos: se Deus agisse com frieza e desprezo connosco, o que seria de nós?
Alguns poderão estar a pensar: “Eu não sou Deus para perdoar dessa forma”.
De facto, não somos. Mas somos pecadores perdoados e os pecadores perdoados perdoam*!
Se tens problemas em perdoar, é porque ainda não pensaste seriamente no quanto foste perdoado por Deus.
Não perdoar ou desprezar outra pessoa é um acto de extrema arrogância e de ignorância espiritual perante o que Deus fez connosco.
A beleza do Evangelho não está apenas no acto de receber. Está também no acto de dar amor a quem nada merece.
Queremos ser uma Igreja que permite que as pessoas discordem umas das outras em amor porque é precisamente na forma como discordamos que percebemos se concordamos no essencial!
Queremos cultivar e celebrar o perdão na Igreja da Graça: o perdão de Deus para connosco; e o perdão entre as pessoas.
Isto é fundamental para a saúde espiritual da Igreja.
Só assim vivemos para a glória de Deus.
Há pelo menos 2 coisas que nunca devem acontecer numa Igreja:
 1º Punição em vez de restauração
Se houver a punição, as pessoas ficarão em silêncio e dirão: “se eu soubesse que iam agir assim comigo, preferia estar calado e seguir o meu caminho sozinho”.
2º Farisaísmo
Mudar de postura*/oração da parábola do fariseu -> perante quem pecou em vez de procurar orar pela restauração da vida da pessoa*.
Lembra-te:
A tua segurança não deve estar no quanto as pessoas gostam de ti, mas na realidade que Jesus te ama.
E se Jesus te ama, então deves amar as outras pessoas tal como foste amado por Jesus!
Desejo ardentemente e oro para que, se alguém vier à Graça, possa dizer:
Falam com amor sobre o pecado, a graça, o arrependimento e a restauração. Por isso, não tive medo de confessar os meus pecados e pedir ajuda até porque tenho a noção que nunca chegarei nesta terra onde quereria chegar. Esta Igreja é muito importante para quem caiu, como eu, na miséria espiritual”.
Será que ainda não perdoámos a quem devíamos perdoar?
Se houver, olhemos para a Cruz.
Será que ainda não pedimos perdão a alguma pessoa que devíamos ter feito?
Se houver, olhemos para a Cruz.
Nota final sobre este 1º ponto de aplicação:
Contra mim falo, mas creio que, e perdoem-me a generalização, estamos a ensinar de forma errada aos nossos filhos na maneira como devem amar as outras crianças.
Reparem: as crianças no fim do culto ficam centradas na tecnologia. Mal falam uns com os outros. Ou se falarem, é só sobre o jogo, para ver as mensagens de WhatsApp ou para se chatearem porque não estão a partilhar algo.
Entristece-me ver isso pois estamos a fomentar algo perigoso!
Porquê? Porque a tecnologia promove o isolamento e as crianças – tal como os adultos – perdem a capacidade e a noção do valor de falar olhos nos olhos.
A tecnologia, sem limites, será um escape à realidade da vida.
Não é isso que acontece com os mais velhos quando passam o seu tempo na tecnologia e não falam com os cônjuges? Comigo acontece!
2º Quem ama, serve.
Amor sacrifical envolve serviço para com o próximo: serviço também na Igreja (todos).
É uma evidência de amor quando estamos dispostos a servir na Igreja mesmo havendo coisas com as quais não concordamos. Eu sou o primeiro a não concordar com algumas coisas!
A mentalidade de espectador - aqueles que mandam palpites ou opiniões, para quem está a trabalhar no terreno - destrói Igrejas.
É muito fácil fazer críticas e não fazer nada para mudar.
Nós somos chamados a servir a Igreja até porque, quando não fazemos nada, estamos a deixar o serviço todo para algumas pessoas e provocamos desgaste a todos os níveis. Isto não é uma atitude de amor.
Jen Wilkin* “um coração que ama a obra de Deus não deseja que os outros fiquem a trabalhar enquanto ele fica a descansar”.
Além disso, como cristãos, somos chamados a fazer coisas que não gostamos por amor!
Noutra perspectiva, servir a Igreja envolve servir também com as nossas contribuições: ofertas e dízimos.
Um membro de Igreja que não contribui com os seus dízimos não estar a ser amoroso com os seus irmãos até porque para ser membro desta Igreja assumiu esse compromisso.
Falha duas vezes: ao não dar o dízimo e no compromisso que fez com a Igreja.  
Não é justo, não é um acto de amor, se isso acontecer.
Pensemos: se todos dessem na proporção da nossa contribuição, seria possível ter, por exemplo: pastor*, água, luz, gás, seguros, alarme, contribuições missionárias, instrumentos, etc.?
Se a nossa carteira não está disponível para dar o dízimo, então não estamos a amar sacrificialmente a Deus e aos nossos irmãos!
3º Amar alguém é entregar-lhe a beleza do Evangelho
Pedro disse que aquelas pessoas tinham sido salvas por meio da proclamação da Palavra de Deus.
Para que isso acontecesse, alguém teve de proclamar.
Este tem sido e continua a ser o meu compromisso convosco: pregar todo o conselho de Deus mesmo que me possa ser difícil*.
Não há amor maior do que fazer de tudo para ajudar o outro a ver a beleza que há em Cristo.
A quem temos amado através da proclamação do Evangelho?
Eu oro e desejo ardentemente ver este salão e outros salões* cheios de pessoas convertidas!
Que a nossa boca esteja pronta para falar da Esperança que há em Cristo.
E o nosso desejo para cada pessoa possa ser o mesmo de Isaías 12:1-2 Eu te dou graças, Senhor, porque estavas irado contra mim, mas a tua ira acabou e tu confortaste-me. Este é o Deus que me salvou: sinto-me confiante e sem medo, porque a minha força e coragem é o Senhor. Ele foi a minha salvação”.
Que o nosso bom Deus nos ajude.
Amém