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sexta-feira, 19 de março de 2021

Dia dos pais

Os nossos filhos são o nosso primeiro campo missionário e por isso precisam das nossas orações. Além disso, os filhos não nos são dados por Deus para os exibirmos, cumprirmos uma pressão cultural existente, dar significado ao casamento ou muito menos para resolvermos os problemas do nosso matrimónio. Os filhos são dados por Deus para que possamos, na medida que nos for possível, fazer discípulos do Senhor Jesus.

Não devemos esquecer que "temos de cumprir a nossa responsabilidade de pais da melhor maneira que pudermos, mas, no fim do dia, eles pertencem ao Senhor"(1).

Por isso, "a missão de criar filhos é o que existe de mais valioso na sua vida e isso demonstra-se todos os dias nas suas escolhas, palavras e ações"(2).

O que fazer se não se sente apto para esta missão? "Nenhum filho ou filha deseja ser criado por pais que se consideram aptos para a tarefa. Pais "capazes" tendem a ser orgulhosos e seguros de si. Por sentirem orgulho da sua capacidade, agem com precipitação e excesso de autoconfiança e, ao fazê-lo, demonstram carecer de paciência e compreensão. Pais “capazes” tendem a presumir que seus filhos também são capazes, e assim, não demonstram sensibilidade quando a fraqueza de seus filhos é exposta. Pais “capazes”, que se orgulham de cumprir a lei, estão inclinados a oferecer a seus filhos mais lei do que graça e são mais rápidos em julgar do que em compreender. Pais “capazes” costumam desejar que seus filhos sejam seus troféus, uma demonstração pública de sua capacidade. É difícil viver com pessoas que negam sua fraqueza, pois quem nega sua fraqueza não costuma ser paciente, amoroso e compreensivo com os que são fracos" (3).

Precisamos chegar ao pé de Deus e pedir ajuda em vez de fazer ameaças numa tentativa desesperada: - Por que usamos ameaças? Porque elas têm eficácia temporária. Pense bem: é adulto e os seus filhos têm metade do seu tamanho, por isso a sua presença é ameaçadora. Os seus olhos arregalados, o seu rosto vermelho, o dedo em riste e a voz potente são ameaçadoras. Com as suas reações, pode fazer com que o seu filho ou a sua filha tenha medo de irritá-lo. Contudo, preciso fazer uma distinção aqui. Ter um filho com experiência suficiente do que acontece quando se zanga e, por essa razão, tem receio de irritá-lo é bem diferente de ter um filho que se sente motivado por um desejo interior de fazer o que é certo e está ciente de que precisa da ajuda de Deus para fazê-lo" (4). 

Até porque "chegará um momento na vida de todos os filhos em que eles não se sentem mais ameaçados pelos seus pais. Se depende de ameaças para controlar os seus filhos, esse momento a que me refiro é, ao mesmo tempo, assustador e deprimente, pois a ferramenta que usou durante anos subitamente não funciona mais. (...) A ameaça sem a graça é uma ferramenta de controle externo que não conseguirá transformar a essência de seu filho ou da sua filha da forma como deveria" (5).

Olhemos, pois, para cada desafio uma oportunidade de mudança pois "a tarefa de criar filhos é uma missão de resgate, dia após dia, momento após momento. Significa que, como pais, precisamos lembrar diariamente de que somos chamados para resgatar os nossos filhos muitas e muitas vezes e que esses momentos não nos devem aborrecer quando esse resgate é necessário" (6).

Nada melhor do que começar esta missão com a confissão: "Quando os pais aprendem a confessar abertamente o seu pecado diante dos filhos, estão a transmitir a mensagem de que não se acham perfeitos e de que também têm as suas próprias lutas com o pecado, assim como eles. Isso vai dar esperança aos seus filhos, na medida que lhes mostrará que não há nada tão errado com eles que não esteja errado convosco também. Eles verão que, embora os pais pequem, são amados por Deus, o que os incentivará a participar dessa verdade" (7).

Lembre-se: os filhos vêm mostrar que afinal somos especialistas na arte de educar os filhos dos outros e que, por isso, precisamos clamar auxílio para as nossas vidas para podermos ajudar os nossos filhos a crescer pois "criar filhos resume-se nesta frase: pessoas inacabadas (nós, os pais) sendo usadas por Deus como agentes de transformação na vida de pessoas inacabadas. É verdade que, assim como aconteceu consigo, os seus filhos deixarão a sua casa ainda inacabados" (8).

 





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(1) Michael Horton, "Bom demais para ser verdade", p. 187

(2) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 22

(3) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 31

(4) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 53

(5) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 53-54

(6) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 84

(7) Elyse Fitspatrick e Dennis Johnson, "Aconselhamento a partir da cruz"

(8) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 74


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