Email

prjonataslopes@gmail.com

sexta-feira, 19 de março de 2021

Dia dos pais

Os nossos filhos são o nosso primeiro campo missionário e por isso precisam das nossas orações. Além disso, os filhos não nos são dados por Deus para os exibirmos, cumprirmos uma pressão cultural existente, dar significado ao casamento ou muito menos para resolvermos os problemas do nosso matrimónio. Os filhos são dados por Deus para que possamos, na medida que nos for possível, fazer discípulos do Senhor Jesus.

Não devemos esquecer que "temos de cumprir a nossa responsabilidade de pais da melhor maneira que pudermos, mas, no fim do dia, eles pertencem ao Senhor"(1).

Por isso, "a missão de criar filhos é o que existe de mais valioso na sua vida e isso demonstra-se todos os dias nas suas escolhas, palavras e ações"(2).

O que fazer se não se sente apto para esta missão? "Nenhum filho ou filha deseja ser criado por pais que se consideram aptos para a tarefa. Pais "capazes" tendem a ser orgulhosos e seguros de si. Por sentirem orgulho da sua capacidade, agem com precipitação e excesso de autoconfiança e, ao fazê-lo, demonstram carecer de paciência e compreensão. Pais “capazes” tendem a presumir que seus filhos também são capazes, e assim, não demonstram sensibilidade quando a fraqueza de seus filhos é exposta. Pais “capazes”, que se orgulham de cumprir a lei, estão inclinados a oferecer a seus filhos mais lei do que graça e são mais rápidos em julgar do que em compreender. Pais “capazes” costumam desejar que seus filhos sejam seus troféus, uma demonstração pública de sua capacidade. É difícil viver com pessoas que negam sua fraqueza, pois quem nega sua fraqueza não costuma ser paciente, amoroso e compreensivo com os que são fracos" (3).

Precisamos chegar ao pé de Deus e pedir ajuda em vez de fazer ameaças numa tentativa desesperada: - Por que usamos ameaças? Porque elas têm eficácia temporária. Pense bem: é adulto e os seus filhos têm metade do seu tamanho, por isso a sua presença é ameaçadora. Os seus olhos arregalados, o seu rosto vermelho, o dedo em riste e a voz potente são ameaçadoras. Com as suas reações, pode fazer com que o seu filho ou a sua filha tenha medo de irritá-lo. Contudo, preciso fazer uma distinção aqui. Ter um filho com experiência suficiente do que acontece quando se zanga e, por essa razão, tem receio de irritá-lo é bem diferente de ter um filho que se sente motivado por um desejo interior de fazer o que é certo e está ciente de que precisa da ajuda de Deus para fazê-lo" (4). 

Até porque "chegará um momento na vida de todos os filhos em que eles não se sentem mais ameaçados pelos seus pais. Se depende de ameaças para controlar os seus filhos, esse momento a que me refiro é, ao mesmo tempo, assustador e deprimente, pois a ferramenta que usou durante anos subitamente não funciona mais. (...) A ameaça sem a graça é uma ferramenta de controle externo que não conseguirá transformar a essência de seu filho ou da sua filha da forma como deveria" (5).

Olhemos, pois, para cada desafio uma oportunidade de mudança pois "a tarefa de criar filhos é uma missão de resgate, dia após dia, momento após momento. Significa que, como pais, precisamos lembrar diariamente de que somos chamados para resgatar os nossos filhos muitas e muitas vezes e que esses momentos não nos devem aborrecer quando esse resgate é necessário" (6).

Nada melhor do que começar esta missão com a confissão: "Quando os pais aprendem a confessar abertamente o seu pecado diante dos filhos, estão a transmitir a mensagem de que não se acham perfeitos e de que também têm as suas próprias lutas com o pecado, assim como eles. Isso vai dar esperança aos seus filhos, na medida que lhes mostrará que não há nada tão errado com eles que não esteja errado convosco também. Eles verão que, embora os pais pequem, são amados por Deus, o que os incentivará a participar dessa verdade" (7).

Lembre-se: os filhos vêm mostrar que afinal somos especialistas na arte de educar os filhos dos outros e que, por isso, precisamos clamar auxílio para as nossas vidas para podermos ajudar os nossos filhos a crescer pois "criar filhos resume-se nesta frase: pessoas inacabadas (nós, os pais) sendo usadas por Deus como agentes de transformação na vida de pessoas inacabadas. É verdade que, assim como aconteceu consigo, os seus filhos deixarão a sua casa ainda inacabados" (8).

 





____________________

(1) Michael Horton, "Bom demais para ser verdade", p. 187

(2) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 22

(3) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 31

(4) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 53

(5) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 53-54

(6) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 84

(7) Elyse Fitspatrick e Dennis Johnson, "Aconselhamento a partir da cruz"

(8) Paul Tripp, "Desafio aos pais", p. 74


quarta-feira, 17 de março de 2021

Esperar?

Quando estamos a passar por uma provação, normalmente não temos respostas da parte de Deus. Temos, sim, perguntas para fazer-nos pensar e orar. E devemos orar não para mostrar a Deus as nossas necessidades, como se Ele não soubesse, mas para submetermos a nossa vontade àquilo que Deus tem para as nossas vidas.

Há momentos de espera e de dor que se prolongam para o bem da nossa fé.
Apesar de podermos ser derrubados, nós já não podemos ser derrotados. Em Cristo somos mais do que vencedores.

Lembra-te: pode haver dor na nossa caminhada, mas haverá tranquilidade na nossa chegada!




terça-feira, 16 de março de 2021

Vives como condenado ou libertado?

Ao termos a nossa identidade bem definida em Cristo, somos filhos de Deus, não iremos temer as opiniões ou críticas que ouviremos como também não recearemos dizer alguma coisa a alguém com medo da sua reação/rejeição. 

O que fazer quando nos deparamos com a crítica?


Não ter medo 

Muitas vezes o nosso corpo e a nossa mente traem-nos ao gerar ansiedade indevida quando somos alvos de uma crítica perante algo que fizemos. Receamos ser rejeitados. Temos pavor que o nosso nome possa ficar manchado e não sermos reconhecidos.

Por isso, tememos ser confrontados com a opinião alheia porque "o temor da crítica torna-se uma ameaça maior do que a própria crítica em si"[1].

Nestes momentos, devemos lembrar-nos que os julgamentos das nossas ações já aconteceram e Cristo assumiu todas as nossas culpas. Está na hora de sermos livres, ao não passarmos mais no tribunal da opinião das pessoas, para vivermos como salvos e não mais como condenados à espera de libertação.


Avaliar a pertinência

Quando percebemos que a nossa vida não depende mais da aprovação ou rejeição das pessoas teremos mais capacidade para avaliarmos as críticas que nos são feitas. 

Como fazer? Joel Beeke ajuda-nos a avaliar estes momentos: "O ambiente físico, o momento e a situação que geraram a crítica podem ajudar-nos a determinar se ela é proveitosa. Como regra geral, não reaja à crítica por, pelo menos, 24 horas dando a si mesmo tempo para orar, filtrar os seus sentimentos, superar a mágoa e a consultar outros cuja sabedoria respeita. O tempo de oração é fundamental. A oração coloca a crítica no contexto apropriado. Traz clareza à mente e vigor à alma; diminui a ansiedade e reacende a paixão por aquilo que é correto e verdadeiro"[2].

Deus usa muitas vezes pessoas com maturidade cristã ou até pessoas mais cruas na forma como falam para corrigir algum ídolo existente na nossa vida. Estes momentos de avaliação são sempre importantes e não devemos desprezá-los pois há sempre alguma coisa a aprender. 

Por outro lado, “as pessoas orgulhosas são defensivas, nervosas, gostam de jogar a culpa nos outros e concentram-se em si mesmas. Acham sempre que o problema não está com elas, mas sim com o mundo".[3]

Não desprezes a crítica que te é feita mesmo podendo ser feita em modos menos corretos.


Aprender a responder

Depois de avaliarmos a crítica que nos é feita, sabendo que isso não deverá interferir com a nossa identidade, devemos então pensar em responder, se for necessário.

Isto é, "se as críticas dizem algo construtivo, absorva-as, confesse a sua falha, seja o primeiro na autocrítica, peça perdão com sinceridade, mude para melhor e continue o seu ministério. Se as críticas não oferecem nada construtivo, seja cortês e educado; e siga em frente. Nunca se torne irado nem auto-defensor, mas ofereça a outra face como Jesus aconselhou. Se a sua consciência é pura, uma explicação simples e clara pode ser proveitosa em certos casos embora o silêncio respeitoso seja frequentemente mais apropriado e eficaz (Marcos 14:61). A qualquer custo esforce para não justificar a si mesmo; os seus amigos não precisam disso, e os seus inimigos provavelmente não acreditarão na sua justificativa. Recuse-se a descer ao nível da crítica negativa; não retribua ao mal com o mal. Lute as batalhas de Deus, não as suas próprias, e descobrirá que Ele lutará as suas batalhas. Não lhe compete retribuir (Rom. 12:19)"[4].



 Viver uma vida normal

Se tivermos a nossa vida alicerçada em quem somos em Cristo, não dependeremos das críticas que nos fazem sendo as mesmas justas ou injustas. "A pessoa que se esquece de si mesma não se sente ferida, não fica mal quando criticada. A crítica não acaba com ela, não lhe tira o sono e não a incomoda. Por quê? Porque a pessoa que se sente arrasada com as críticas valoriza demais o que os outros pensam, valoriza demais a opinião alheia"[5].


Lembra-te: o Evangelho é o único que tem poder para garantir estabilidade na tua vida emocional. Se estiveres à espera que seja a tua autoestima, vais estar sempre à espera de injeções morais em tudo o que fazes e dependerás da validação dos outros para conseguires seguir em frente. 





[1] Joel Beeke, "Vencendo o mundo", p.  163

[2] Joel Beeke, "Vencendo o mundo", p. 154

 

[3] Francis e Lisa Chan, "Você e eu para sempre", p. 71

[4] Joel Beeke, "Vencendo o mundo", p. 156

 

[5] Tim Keller, "Ego transformado", p. 38 (Versão Pilgrim)