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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Significado de Presciência em I Pedro 1:1-2...

A seguinte explicação do Pastor Manuel Alexandre Júnior foi dada a uma pergunta sobre o que significa "Presciência" em I Pedro 1:1-2

Texto: "Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos [ἐκλεκτοῖς] que residem como estrangeiros na diáspora... [eleitos] segundo a presciência (πρόγνωσιν) de Deus Pai..." (1Pe. 1:1-2).

Espantoso começar a sua epístola com uma referência à doutrina da eleição! Exactamente o que Paulo faz nas cartas aos Efésios 1:1-5, e a Tito 1:1-2. 
Pedro, como Paulo afirmam esta verdade da eleição soberana, que é indiscutível no seio dos apóstolos e da igreja primitiva. E Pedro desvenda aqui as implicações teológicas e práticas da eleição com seis afirmações bem claras: a natureza da eleição ('que foram eleitos/escolhidos'); a fonte da eleição ('segundo a presciência de Deus Pai'); o domínio da eleição ('em santificação do Espírito'/'pela obra santificadora do Espírito'); a razão ou os efeitos da eleição (''para obedecer a Jesus Cristo'); a segurança da eleição ('e a aspersão com o seu sangue'[ressonâncias do VT, também em Hebreus 9:19-20-22; 12:24]); os efeitos da eleição ('graça e paz vos sejam multiplicadas/concedidas na medida plena').
Comentemos a segunda.
1.   A presciência significa meramente previsão, conhecimento sobrenatural do futuro. Mas, como justamente observa John MacArthur, há pelo menos três razões para que tal interpretação não tenha base bíblica: (1) torna o homem soberano na salvação e não Deus [leiam-se Jo. 15:16; Rom. 9:11-13, 16]; (2) dá ao homem crédito indevido pela sua salvação, permitindo-lhe partilhar a glória que apenas pertence a Deus [ver 1Cor. 1:29, 31; Ef. 2:8-9]; (3) parte do pressuposto que o homem caído tem o poder de buscar a Deus por si mesmo [ler Rom. 3:11; Jo. 4:10]. Ora tal definição de presciência é incompatível com a soberania absoluta de Deus sobre todas as coisas (ver Isa. 46:9-10. Seria a mesma coisa que pensar assim: Deus olhou para o futuro, viu que Jesus decidiu morrer, e decidiu (aproveitou a deixa) fazer dele o Salvador.
2.   O termo grego para presciência, πρόγνωσις, não significa simplesmente conhecimento do futuro. Refere-se ao Deus eterno, predeterminado, amoroso, redentor soberano. O termo significa que Deus tomou a decisão determinada e determinante de escolher alguns para a realização do seu plano eterno.
Significa também que Deus tomou essa decisão por decreto, antes de o tempo começar. O conceito 'tempo' é aqui muito importante. Deus é eterno, transcende a realidade 'tempo'. Deus 'É' (ser de essência e não de existência) eterno. 
O tempo é uma condição humana e é relativo; na Terra, depende do movimento de rotação para os dias, do movimento de translação para os anos, da própria dimensão da terra e sua distância em relação ao Sol. O que significa que a noção de tempo pode ser diferente no espaço com base numa série infinda de variáveis relativas a planetas, estrelas, galáxias, universos, volumes e distâncias. Mas Deus é eterno, transcende todas essas estruturas de relatividade. Ele próprio é Senhor do tempo: está para além do tempo (é transcendente e não imanente), ao lado e acima do tempo, é soberano sobre o próprio tempo.
Por conseguinte, Deus não 'prevê', Deus 'vê'. Para Ele não há passado, presente ou futuro, mas um eterno presente. Ele não foi, é, e será. Por isso a Escritura diz: "Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente"; e não diz: Deus foi ontem, é hoje, e será eternamente o mesmo. Ele é o grande "EU SOU". De sorte que, até mesmo dizer-se 'predestinou' é usar um antropomorfismo, uma maneira humana de nos referirmos ao divino. O que é para nós 'predestinou', mergulhados na nossa condição de tempo, é para Deus simplesmente 'destinou' ser assim, determinou na eternidade ser assim, isto é, fora do tempo, soberanamente.

Autoria: Pastor Manuel Alexandre Júnior
(Publicado com autorização do Autor)
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